EU E A GOIABEIRA –
Não!Não fui molestado sexualmente quando criança, mas como a goiabeira está muito em moda lembrei-me de uma que existia na casa de meus pais.
Éramos criança, final da década de cinquenta, início da década de sessenta, devo dizer que não vimos Cristo na goiabeira, no entanto eu tive outras “belas visões.” A nossa goiabeira fazia sucesso devido o tamanho e o gosto das goiabas. Tinha um sabor muito gostoso, mamãe fazia doces deliciosos. Ficava na lateral da nossa casa que tinha um belo terreno onde ficava uma cesta de basquete para jogar 21 e um campinho de futebol mirim. Tinha galhos fortes que saiam do seu tronco, a era vista por muitos meninos e meninas que às vezes pulavam o muro para levar goiabas escondidos de Babá – uma senhora que morava com mamãe e cuidava com muito zelo da goiabeira.
Faziam parte do nosso grupo também belas meninas moças -hoje bonitas vovós chamadas por minha irmã que também gostavam de subir na goiabeira.
Do outro lado da casa, tinha a garagem e um terraço onde eu fazia campeonato de jogo de botão com vários meninos. Pois bem quando as meninas estavam comendo goiaba e a gente ouvia suas vozes, parava o jogo e corria para o goiabeira, se tivesse uma de vestido a gente orientava para ir para os galhos mais altos e corria para baixo, não para olhar para as goiabas, mas para belas coxas que naquela época era difícil de ver.
Uma das ultimas vez que subi na goiabeira, foi para comer goiaba com uma das meninas, era uma goiaba pra dois e a cada mordida os nossos olhos se encontravam com um brilho diferente. Aquele dia me marcou até hoje, mas nada passou de que uma bela manhã em cima do galho de uma goiabeira.
Passado o tempo, a goiabeira foi cortada, a nossa maloca dispersou-se e tomamos os nossos rumos.
Houve casamento com alguns pares, eu peguei o violão segui e cantei:
Oh mana deixa eu ir
Oh mana eu vou só
Oh mana deixa eu ir
Pro Sertão de Caicó.
Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN