EU OS CONHECI –
No rol dos maiores tiranos e genocidas da história da humanidade, estão os ditadores Stalin, Hitler e General Franco, responsáveis pelo extermínio de milhões de pessoas.
Josef Stalin, cujo nome era Iossif Vissarionovitch Djugashvili (1879-1953), foi ditador da extinta União Soviética, de 1924 a 1953. Em 1934 comandou o grande expurgo de integrantes do seu próprio partido, quando foram condenadas mais de quatro milhões de pessoas. Esses crimes foram denunciados por Nikita Khrutchev, no XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, em 1953. Calcula-se que, de 1917 a 1953, ano da morte de Stalin, os expurgos, a fome, as deportações em massa, o trabalho forçado no Gulag e os fuzilamentos mataram algo em torno de 20 milhões de pessoas na antiga URSS.
Adolf Hitler (1889-1945), fundador e líder do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (o partido nazista) nasceu na Áustria e foi chanceler da Alemanha, de 1933 a 1945. Em seguida nomeou-se presidente, comandante supremo das forças armadas e Führer do Terceiro Reich, assumindo poderes ilimitados, com o que perseguiu todos os grupos opositores. Criou a Gestapo (sua polícia política) e mandou construir campos de concentração para onde enviou judeus, eslavos, ciganos, homossexuais etc. Com os ataques à Tchecoslováquia e à Polônia, deu início à Segunda Guerra Mundial. As forças militares nazistas foram responsáveis pela morte de aproximadamente 55 milhões de pessoas. Depois de alguns anos de vitórias retumbantes e antevendo a derrota iminente, suicidou-se quando o exército soviético entrava em Berlim.
Francisco Paulino Hermenegildo Teódulo Franco Bahamonde, ou simplesmente General Franco (1892-1975), fez parte do golpe de Estado na Espanha, em 1936, fato que marca o início de uma sangrenta Guerra Civil. Liderando as tropas sublevadas, galgou o cargo de chefe de Estado, onde ficou até seu falecimento, em 1975. Acumulou o cargo de chefe de Governo, de 1938 a 1973. Seu regime foi caracterizado por violações dos direitos humanos e contava com o apoio da Alemanha nazista e da Itália fascista. Um fato mostra o caráter de Franco: o bárbaro assassinato do poeta, pintor, compositor e músico Federico García Lorca.
Pois bem, eu conheci Stalin, Hitler e o General Franco. Antes de duvidarem de mim, antes de afirmarem que sou um farsante, tenham paciência e leiam o restante do artigo.
De Stalin eu era amigo, e com ele convivi em Mossoró. Óbvio que o mossoroense José Stalin Reginaldo era um outro Stalin. Cordato, amável e simples, ele era professor da Escola Técnica do Comércio União Caixeiral. Em 1967, o jornal O Povo, de Fortaleza, publicou a notícia de que José Stalin Reginaldo, acompanhado de outros diretores da escola, foi à cidade do Recife adquirir um “escritório modelo”, para servir de laboratório aos alunos do curso técnico de contabilidade.
Bem assim também era o Hitler que conheci em Mossoró: cordato, amável e simples. Se não me falha a memória, era funcionário do Instituto Nacional de Previdência Social, o antecessor do atual INSS. Facilmente se integrou à vida da cidade, tão logo lá chegou, como comprova a notícia publicada no extinto jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, edição de 08.06.1965: “A Comissão Executiva do Grupo de Escoteiros Baden Powell, de Mossoró, RN, recém-eleita, está formada do prefeito Raimundo Soares de Souza, do bispo diocesano, D. Gentil Diniz Barreto [entre outras pessoas, e] Hitler Miranda”.
O General Franco eu conheci em São Paulo. Não era militar e, portanto, não tinha nenhuma patente militar; nem serviu ao exército, pois tinha pés planos, mais chamados de “pés chatos’. Era um profissional liberal e exercia suas atividades no Bairro do Ibirapuera. O General, pelo que atendia, era nome próprio, registrado no Cartório da pequena cidade em que nasceu. Sua maior diversão, naqueles anos de governo militar, era mostrar sua Carteira de Identidade nos aeroportos, nas blitze realizadas pela polícia etc. Ao verificarem o nome General Franco da Silva, os militares a devolviam-lhe e, via de regra, prestavam-lhe continência. Um dia foi preso. Acharam que a documentação era falsa.
Publicado originalmente em Tribuna do Norte. Natal, 29 set. 2021
Tomislav R. Femenick – Jornalista e historiador