EUCALIPTO, 28 DE AGOSTO DE 2020 –
Lá vou eu, em minha caminhada, quando, de repente, sinto cheiro de eucalipto. Não reconheço facilmente plantas, mas este aroma… Não tem como confundir! Imediatamente minha memória me carregou para o cometa Halley! Que loucura isso… Nas férias do fim do ano de 1985, passamos, eu, mamãe e meu irmão Diego, Natal e Réveillon entre Nova Friburgo e a capital carioca.
Meus tios tinham uma chácara numa região alta de Friburgo. Após perambularmos pelas ruas da cidade, onde mamãe revia seus amigos de infância, ao fim do dia voltávamos para a chácara. A subida era toda margeada por pés de eucalipto. O aroma característico preenchia o carro. Os jornais daquela época falavam da passagem do cometa Halley no ano seguinte e, como de costume, surgiram inúmeras teorias sobre ele estar associado ao fim do mundo.
Nem preciso falar o quanto tive medo disso. Subia aquela estrada todas as noites junto à família pensando que o mundo estava prestes a acabar e, em várias noites dormi chorando, com mamãe tentando me acalmar.
Alguns falavam que este era o Terceiro Segredo de Fátima e foi minha primeira discussão com a Mãe de Deus: “A Senhora demora um tempão para aparecer e vem trazendo notícia ruim?”. Só com a maturidade entendi que a culpa não era dela, pedi desculpa e tento aprender em quê devo acreditar.
Bem, o cometa passou sem causar danos e, honestamente, além da sua música que até hoje lembro da letra e um halo ao redor da lua que me disseram que era o Halley – até hoje não sei ao certo se vi mesmo ou foi imaginação – nada mais me marcou.
Pensei que, ufa!, tinha sido poupada de ver o fim. Mal sabia eu que veria muitos fins (do mundo) de lá para cá.
Grávida de nosso João Victor, em 2001, assisti em tempo real às Torres Gêmeas sucumbirem a um atentado terrorista. Vi pessoas correndo e sendo engolidas por uma onda negra de destroços e outras se jogando dos andares mais altos. Foi o fim para muitos…
Em 2004 vi uma onda gigantesca engolindo a Indonésia. Pela primeira vez escutei o termo “tsunami” e tentei criar planos de fuga para, caso acontecesse algo semelhante aqui, nós pudéssemos salvar nosso filho. Como sou tola… Vi casas, hotéis sendo arrastados com uma força que nunca imaginei que a água teria. Foi o fim para muitos…
Vi o fim do mundo, que ironia, em 2011 em Nova Friburgo – onde aguardei o fim causado por um cometa famoso – e outras cidades serranas. Incontáveis mortes causadas por uma enchente e deslizamento de terra, levaram amigos e conhecidos de adolescência de minha mãe e passamos semanas acompanhando aquelas imagens na TV na esperança de encontrarem alguém ainda com vida. Foi o fim para muitos…
Passamos por outros e outros “fins do mundo”! Guerras, vulcões, terremotos e, enfim, chegou mais um. Na forma de doença, um ser tão pequenino, o vírus chegou e foi o fim para muitos. Ainda está sendo! Para muitos… Milhares… E, ao olhar para o céu, penso na minha ingenuidade em achar que o fim seria um só para todos.
Quando me dei conta, o aroma do eucalipto, que sempre amei, começou a me entristecer! Não posso deixar, pensei comigo mesma. Dei outra volta até chegar ao ponto onde senti o seu perfume e me levou a pensar nisso tudo. Parei lá, pisei numa folha e o aroma subiu mais uma vez.
Me forcei a pensar nos começos… No nosso filho mais velho gripando pela primeira vez e a gente colocando no quarto uma bacia com água quente e folhas de eucalipto para ele respirar melhor. Receita de vó! Lembrei dos sabonetes de eucalipto que trazíamos ao fim das férias no Rio e colocávamos dentro das gavetas para perfumar nossas roupas e também meus diários, cheios de novidades e sonhos.
Percebi que mesmo vendo muitos fins, tenho visto, a cada dia, muitos começos. Nosso casamento iniciou uma vida a dois. Os nascimentos de nossos filhos nos permitiram iniciar um mundo melhor! Cada dia que começa, cada criança que nasce é, claro, um novo início do mundo, pois temos a chance de escrever uma história linda.
Hoje iniciei o dia com mil pequenos planos: comprar ração para Pretinha, frutas e pães para nós, dar uma caminhada. Estes foram os meus planos. Os de Deus para mim? Não faço ideia! Mas sei que são bem maiores que os meus e sempre, sempre, sempre, permeados de “recomeços”…
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista e Professora universitária
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