EUCLIDES DA CUNHA, ESCRITOR DA OBRA MAGNA DA NACIONALIDADE: “OS SERTÕES” –
Euclides Pimenta da Cunha, terá neste mês, 20 de janeiro de 1866 as honras natalícias que proporcionam aos confrades e confreiras das letras e da história a lembrança deste autor da obra monumental do Os Sertões.
Mesmo desconhecendo a personalidade e o teor da escrita das prédicas do santo Conselheiro Euclides estudou a fundo as descritivas dos contemporâneos no sertão baiano, quando a revolução das foices e enxadas contra canhões explodiu em 1897.
Euclides, com suas crenças fundadas no positivismo e no determinismo, inicia o magno relato, a partir de reportagens ao Estadão de Júlio de Mesquita, avô, referindo-se à índole fanática dos seguidores do Beato Antônio; no entanto, durante as sucessivas levas de resistência dos jagunços às excursões militares, suas ideias foram sendo modificadas sensivelmente até chegar ao ponto de Euclides, contradizendo as teses raciais vigentes, reafirmar que “o sertanejo é antes de tudo um forte”.
Compôs a obra a partir dos relatos de militares que participaram dos eventos marcantes de Canudos, procurou reler os desígnios messiânicos e antirrepublicanos de Antônio Vicente Mendes Maciel, que peregrinava pelo sertão adusto e acérrimo, arrebatando levas de famílias sem rumo nem acolhida. Ao contrário, aquele era um povo enxovalhado pelo avanço dos donos de terra pela imensa caatinga, que há séculos ocupou a sesmaria de Garcia d’Ávila.
A lembrar que Garcia d’Ávila foi o filho do primeiro governador-geral da Colônia, Tomé de Sousa, que em 1560, recebeu o dote do maior latifúndio do mundo no interior nordestino. Garcia e descendentes dirigiram da sede na Casa da Torre, Praia do Forte, um território que atingiu um total de 800 mil km² de área, em sua maior parte não cultivados.
A profecia ainda vigente do santo Conselheiro:
“O sertão vai virar mar, o mar vai virar sertão”.
A certeza do peregrino ao construir a sua comunidade em 1893, às margens do rio Vaza-Barris, ocupando uma fazenda abandonada por ser lugar inóspito e mesmo o rio somente fluía no tempo de inverno. O coronel Moreira César não acreditou nessa realidade.
Leitura indispensável, livro fundamental, lançado há 118 anos no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Rio de Janeiro, foi Euclides, ao lado de Machado de Assis, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
Sempre a louvar um novo Memorial ao grande brasileiro Euclides da Cunha.