Na Feira Internacional Literária de Parati (10 de julho a 14 de julho de 2019, haverá neste mês merecido tributo ao escritor maior da nacionalidade brasileira. Autor da monumental obra Os Sertões, equivalente nacional d’Os Lusíadas em termos de recriação dos valores humanos nacionais, abstraindo-se de teses antropológicas e atendo-se
ao enfoque na realidade indomada. “Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo”. (Os Sertões).
O autor de Pedra do Reino, Ariano Suassuna, referiu-se a Euclides quando mencionou ter o magno ensaio dos sertões entrado na cena do Brasil real, em contraste com o Brasil oficial, da autoridade imperiosa, distante, e não equidistante.
Suassuna externou que o “poeta maior da nacionalidade” foi Euclides da Cunha no livro “Os Sertões”. Deixou este registro:
“Eu vivo dizendo, quem não entender Canudos, não entende o Brasil. Porque ali pela primeira vez o Brasil real tentou se organizar, não da maneira que diziam a ele como ele era. Tentou se organizar de maneira política, econômica, social… aí o país oficial foi lá e cortou a cabeça na pessoa de Antonio Conselheiro. Ele já tinha morrido de um estilhaço de granada… Eram cinco mil homens contra quatro, no fim. Um velho, um adulto e duas crianças, que tinham escapado. Diante de quem, como dizia Euclides da Cunha, rugiam as baionetas de cinco mil soldados… Foi um exemplo único na história, não sobrou ninguém. Fizeram isso. Nós fizemos isso”.
O prêmio Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, no prólogo de seu Guerra do fim do mundo, com base n’Os Sertões, assim enfeixou a tese: “De um lado um catolicismo popular, de forte ênfase escatológica, algo heterodoxo, liderado por um santo carismático, repudiado pela própria autoridade eclesiástica. Do outro, a religião da República, do secularismo, do progresso, do positivismo. Eram dois tipos de fanatismo incompatíveis e mutuamente incompreensíveis. Nenhum dos lados dispunha de meios ou motivos para sequer começar a compreender o outro”.
FLIP 2019 – 10 de julho a 14 de julho de 2019 Local: Bourbon Music Festival Paraty, Paraty, Rio de Janeiro
Durante a FLIP haverá debates temáticos em torno da obra maior, dos ensaios de Euclides e da sua vida e a sua polêmica morte. Serão exibidos materiais e relíquias de suas pesquisas, como o resgate de uma das cadernetas
Vida: Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha Nasceu em Cantagalo, 20 de janeiro de 1866 e morreu no Rio de Janeiro, 15 de agosto de 1909 aos 43 anos.
Arraial do Belo Monte de Canudos.
Feriu-se a guerra de incompreensões naquele fim de mundo barbarizado. A meu ver a sorte das tropas acuadas e trôpegas de Artur Oscar na Favela… foi em derradeiro lanço trazida pelo general Savaget que chegou com cargueiros de víveres e munições! Estava salva a República!