FÁBULA DA RATOLÂNDIA –
Era uma vez, na maravilhosa Ratolândia do Ontem, quando o rato mais velho, que se autodenominava o mais honesto camundongo do mundo, resolveu voltar à cena da ladroagem institucional.
Sonhar não é proibido, até mesmo no mundo dos ratos.
Dando seguimento à sua visão onírica, convidou sete ratos anões da marginalidade da Ratolândia, esdruxulamente imaginados como correspondentes aos ilustres e honrados anões do conto dos Irmãos Grimm, chamados de Zangado, Dunga (denominado em Portugal, de Mudo), Mestre, Dengoso, Soneca, Atchim e Feliz, projetados cinematograficamente pela genialidade de Walt Disney.
Assim, agiu o venerando rato velho, após saber que a cientista Christian Keysers, do Instituto Holandês de Neurociência, face estudos, aventou o seguinte:
“Humanos e roedores possuem estruturas cerebrais semelhantes que regulam a empatia, sugerindo que esse comportamento esteja profundamente enraizado na evolução dos mamíferos.”
Com base nesta experimentação laboratorial, ainda em fase de suprema comprovação, o venerando rato velho sentiu-se um humanoide, a sonhar a quimera de que ratos e pessoas são criaturas da mesma espécie.
Assim, os camundongos resolveram lançar na Ratolândia o programa Cheese Product Integration – CPI, a título de teste, para tentar a certificação científica, a premiar quem enuncie os nomes dos sete ratos metamorfoseados da gravura, que oferece como primeiro prêmio uma tonelada do inigualável queijo francês Roquefort Paysan Breton; como segunda premiação, o maior queijo do mundo, da Sardenha, pesando quinhentos e noventa e oito quilos, laureado no Guiness Book; e, para o terceiro colocado, uma monumental cesta dos afamados queijos Brie, Gouda, Parmesão, Manchego, Feta, Camembert, Edam, Emmental, Gruyère, Mozarella, Oaxaca, todos já premiados pela World Cheese Awards.
Embora ambos gostem de queijos, será que ratos e pessoas tem a mesma cepa?
José Carlos Gentilli – Escritor, membro da Academia de Ciências de Lisboa e Presidente Perpétuo da Academia de Letras de Brasília