As duas maiores facções criminosas do país, Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), estariam planejando uma aliança para semear o caos em, pelo menos, cinco estados nos próximos dias. É o que apontam relatórios da Polícia Federal e da Secretaria Nacional de Segurança Pública, com base em informações do serviço de inteligência. Os ataques teriam como principais alvos agentes penitenciários federais, juízes, delegados da PF e promotores de Justiça de São Paulo que investigam o crime organizado no estado. Os ataques teriam como foco São Paulo, Rondônia, Paraná, Roraima e Ceará. O Rio de Janeiro também poderia entrar na mira, com a detonação de explosivos num dos aeroportos, segundo o relatório. As investidas estariam previstas para a última semana deste mês e a motivação dos ataques seria a proibição a visitas em presídios federais.

Na quinta-feira, o general do Exército Eduardo Villas Boas questionou: “Na questão da segurança pública, o país estaria preparado para efeitos colaterais advindos do enfrentamento efetivo ao crime organizado?”. Para especialistas, o problema é profundo, antigo e ainda sem solução. De acordo com Arthur Trindade, do Departamento de Sociologia da UnB, o Brasil não está preparado para um embate porque não resolveu antigos problemas e agora precisa lidar com novas modalidades do crime organizado. “O desafio é enorme, pela incapacidade do Estado de solucionar o problema mais antigo. Já era para ter resolvido a questão das mortes por droga. Não fizemos o dever de casa”, criticou. Na visão dele, a Polícia Militar e o Ministério Público entupiram as cadeias. “Um terço está preso de forma irregular, temporária. Agora, tem crime organizado nas cadeias. Entope as prisões de traficantes e elas se tornam inadministráveis.”
Para ele, os possíveis efeitos colaterais estão relacionados à moda antiga de enfrentamento ao crime. “Violência de Estado, quebra de garantias constitucionais e aumento de letalidade em confrontos são efeitos que geram morte, prisão e não estão na Constituição cidadã dos direitos políticos, civis e sociais”, frisou. “Não pode executar traficante na rua. A centralidade das Forças Armadas na estratégia de segurança pública implica a ideia de que tem que caber dentro do Estado democrático de direito, não pode ultrapassar os limites da lei. Quer lidar à moda antiga ou encontrar uma nova? A velha solução é violenta e injusta.” Na opinião de Bráulio Figueiredo, pesquisador do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública da Universidade Federal de Minas Gerais, o foco deve ser a prevenção, neutralizando essas ações. “Uma vez identificada essa possibilidade, o ponto central é neutralizar. Tem que impedir a entrada de celulares e bloquear o sinal.”
Fonte: Correio Braziliense

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