Adauto José de Carvalho Filho
O povo, nos dias 13 e 15.03.2015, foi ás ruas. Não importa a motivação, o povo foi às ruas. Uma coisa ficou patente nos dois movimentos: o exaurimento da sociedade contra os mais tenebrosos esquemas de corrupção e tungagem dos cofres públicos. Até no movimento do dia 13, patrocinado pelas forças que apoiam o governo, ficou claro que para tudo há um limite e o limite do cidadão, qual um cabo de guerra, partiu.
No after day, as autoridades públicas mostraram a estatura que tem, a de pigmeu. Não teve um líder que tenha se destacado em momento tão importante. Todos se refugiaram em suas culpas de ontem, hoje e amanhã. Se o mundo se escandalizou com o petrolão, que deixou de ser mais um caso de desmando administrativo e passou o mais engenhoso esquema de roubalheira, inclusive com todas as delações possíveis.
Só as autoridades públicas brasileiras, em especial o Ministério Público e o Judiciário, não encontram bases sólidas para a incriminação dos culpados e provarem que são poderes da República e o exercem quando a rês pública é assaltada. As repatriações de dinheiro são comemoradas, mas para as pessoas que estavam no entorno ainda não há provas suficientes. Os princípios viraram fins. Se justificam os meios não sei, não pertenço a nenhum poder, aliás, pertenço ao o único que é diariamente aviltado, a cidadania.
O Poder Executivo, dando uma de João sem Braços, vai encaminhar um projeto anticorrupção. Mais uma vez o cidadão será enganado com mais uma solução legal.
Será que é tão difícil entender que se houvesse vontade ou dignidade dos poderosos, o sistema jurídico já dispõe de leis em excesso que podem punir tal desmando?
O outro foco foi o financiamento de campanhas políticas. O ato de lançamento das medidas foi solene e aplaudido como se ninguém conhecessem a verdade, mas fazer caras e bocas faz parte, como já dizia o não menos comum, o BAMBAM, do BBB sei lá qual número. Com todo o respeito, pelo que se viu nos últimos dez anos, mesmo que as autoridades tenham a visão turva, o financiamento público ou privado de campanhas não é o problema. O problema é o alto custo de uma eleição no país. Diminuam o custo. Não haverá externas, nem artistas, apenas o candidato falando sobre suas propostas com um fundo igual para todos.
O símbolo das Armas Brasileiras.
O país não tem representantes, tem marqueteiros, são os Birdman ou as Birdwomen que não sobrevivem sem escripts, por não terem essência. Qualquer improviso cai no vazio; E tem uns tão ruins que estão transformando a Presidente Dilma, que Deus tenha pena dela, em piada nacional e internacional.
Os pleitos sairão duplamente caros. O financiamento público será o “escopo” (pense num nome bonito) da legalidade. Os gastos se enquadrarão nos valores roubados da população oriundos que serão do pagamento de impostos e as negociatas continuarão soltas como mostra o petrolão e ninguém quer ver.
Os patrimônios de algumas pessoas crescem de forma inexplicável, mas tudo é fruto do talento dos seus possuidores. No Brasil, quando se quer enricar rápido, não se coloca uma empresa, mas uma ONG. É o mais eficiente dos negócios. De um lado a viúva, do outro a total inapetência dos servidores dessa viúva no sentido de esclarecer quais fenômenos aconteceram para uma multiplicação patrimonial tão grande e tão rápida. Quem sabe o quanto o esclarecimento faria bem ao país ao incentivarem práticas tão probas e republicanas.
O respeitável (poderia escrever em letras maiúscula) Juiz Moro, responsável pela operação LAVA A JATO, demonstrou que mesmo depois de dez fases cumpridas, a compadria continua. O petróleo corre solto para vala de alguns e dos mesmos. E mancha de petróleo não é fácil sair, nem com omo concentrado e mesmo assim nenhum indício foi identificado pelo Ministério Público e pelo Judiciário. A tal lista de JANOT, alardeada como o fim dos tempos, se transformou numa lista de feira de um dos participantes do bolsa família, ou seja, tudo o que nela continha, por serem tão conhecidas, gerou escárnio.
Aliás, a crise está tão aprofundada que gerou uma crise no mercado de humorismo brasileiro, por absoluta ausência de piadas originais.
Adauto José de Carvalho Filho, AFRFB aposentado, Pedagogo, Contador, Bacharel em Direito, consultor de Empresas, Escritor e Poeta).
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