Durante a semana passada, a Coordenadoria Estadual da Infância e da Juventude (CEIJ) do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN) realizou a Semana Estadual da Adoção. O evento debateu temas variados sobre a realidade atual da Adoção, no Brasil e no Rio Grande do Norte.

Segundo José Dantas, Juiz da Vara da Infância, os objetivos da ação foram alcançados. “O primeiro objetivo era informar. Informar os passos da adoção, como deve fazer e proceder quando surgir a vontade de adotar. Então essa semana teve esse objetivo, de informar, depois conscientizar e depois sensibilizar”, disse.

Atualmente, o Rio Grande do Norte tem 37 crianças aptas para adoção. Número que poderia ser coberto pelo cadastro de pessoas interessadas em adotar, que é de 244. Mas, de acordo com o juiz, a conta ainda não bate devido aos tabus no processo. “As pessoas ainda temem dizer que têm um filho adotivo. É tanto que nesse evento a gente promoveu um encontro de famílias adotivas. Adotar crianças institucionalizadas ainda é uma dificuldade, também crianças de cor negra, crianças com a idade mais avançada, com 5,6 ou 7 anos por exemplo”, comenta.

José Dantas explica que a maioria das famílias que procuram adotar têm muitas preferências, e isso dificulta o processo. “O interesse maior, ainda hoje, é de crianças recém nascidas, do sexo feminino, de cor branca e alguns chegam ao ponto de dizer que, se possível, se pareça com a família. Na hora de fazer o cadastro, nos perguntamos qual o perfil da criança que eles desejam adotar, e eles trazem esse perfil. Com isso, dificulta a adoção, e exclui muitas crianças que têm mais de 3, 4 e 5 anos de idade, que estão aptas para adoção, e não são adotadas por causa dessas questões comportamentais de quem pretende adotar”, explica.

O juiz ainda destacou o amor que deve ser construído e o bem que adoção faz para a criança e a sociedade. “É uma medida nobre, e que além do amor que deve existir num relacionamento desse, que esse amor não é de imediato, mas ele se constrói com o passar do tempo, você perceber que as pessoas se sentem gente, as pessoas sentem que encontrou uma oportunidade na vida. E na hora que você patrocina isso, promove, favorece, você percebe que a sociedade fica bem melhor”, avalia.

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