Você já ouviu que beber algum líquido enquanto come pode atrapalhar a digestão? Essa é uma crença comum, mas não é amparada pela ciência. Aliás, segundo estudos, o consumo durante a refeição pode até ser uma boa ideia, já que o líquido pode auxiliar na deglutição, especialmente de alimentos secos ou mais difíceis de mastigar.
Especialistas explicam que o segredo está na quantidade e no tipo de líquido. Pois é, bebidas açucaradas não são indicadas.
“Consumir água durante as refeições, em quantidades moderadas, não oferece riscos à saúde. Não há evidências científicas sólidas que comprovem que a ingestão de água dilua os sucos gástricos ou comprometa o processo digestivo”, diz a nutricionista Maiara Soares, doutora em Ciência da Saúde e pesquisadora do Labcas, da Faculdade de Saúde Pública da USP.
Ao contrário do que se pensa, o líquido não “dilui” os sucos gástricos a ponto de prejudicar a digestão. Débora Poli, gastroenterologista do Hospital Sírio-Libanês, explica que tudo que cai dentro do estômago gera algum estímulo para produzir as substâncias necessárias para a digestão.
A “dose certa” de água durante a refeição gira em torno de 200 a 300 ml.
“Essa ideia de que a água talvez vá diluir as enzimas não é verdade. Vamos produzir as substâncias necessárias a partir de estímulos. A água e outros líquidos podem participar do estímulo. Se a gente tomar um suco, ele tem nutrientes que também vão precisar ser digeridos e o corpo vai produzir substâncias necessárias”, diz a gastroenterologista.
A digestão começa na boca, com a mastigação e a ação das enzimas salivares. Depois passa pelo esôfago e chega no estômago, onde os sucos gástricos entram em cena para desintegrar os alimentos.
Segue então para o intestino delgado, onde encontra bile e enzimas pancreáticas que quebram os nutrientes ainda mais. É lá que acontece a maior parte da absorção dos nutrientes, com a ajuda de estruturas chamadas vilosidades, que aumentam a área de contato com os alimentos.
Por fim, o intestino grosso reabsorve água e eletrólitos e compacta o que sobra em fezes, enquanto a microbiota intestinal dá aquela força na digestão.
Não. É interessante evitar bebidas açucaradas, refrigerantes e bebidas alcoólicas, já que essas opções podem trazer impactos negativos à saúde, como o aumento do risco de ganho de peso, problemas metabólicos e desconfortos digestivos.
“A recomendação é optar por água, sucos naturais sem açúcar ou chás não adoçados, sempre em pequenas quantidades”, pontua Maiara Soares.
Lara Natacci, nutricionista pós-doutora em nutrição e diretora clínica da Dietnet, ressalta que quando consumimos essas calorias líquidas, o corpo não “compensa” reduzindo a quantidade de comida ingerida. Ou seja, você acaba comendo o mesmo e ainda soma as calorias da bebida, o que pode prejudicar sua saúde a longo prazo.
Se você ingerir muito líquido durante a refeição, pode ser que sinta algum desconforto, principalmente se for uma bebida gasosa.
“A maioria das bebidas gaseificadas têm outros produtos, como excesso de açúcar, cafeína, substâncias químicas, corante e conservante. Isso tudo gera sintomas, vai dar mais desconforto, contribuir para maior fermentação”, aponta a gastroenterologista.
Quem tem alguma sensibilidade gastrointestinal pode sentir desconfortos ao consumir líquidos em excesso ou certos tipos de bebidas durante as refeições. Mas, para a maioria das pessoas, a água em doses moderadas não deve causar gases nem inchaço.
Para quem gosta de beber algo durante as refeições, Maiara Soares diz que o melhor é optar por água, sucos naturais sem açúcar ou chás não adoçados, sempre em pequenas quantidades.
“Essas escolhas são mais saudáveis e complementam uma alimentação balanceada e equilibrada. É importante evitar bebidas açucaradas, refrigerantes e bebidas alcoólicas, pois podem elevar a ingestão calórica, favorecer o ganho de peso e, a longo prazo, impactar negativamente a saúde metabólica. Além disso, beber lentamente durante as refeições é essencial para evitar desconfortos gástricos e facilitar a digestão, promovendo um maior bem-estar à mesa”, recomenda a nutricionista.
Fonte: G1RN
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