Legado do patriarca Alfredo Adolfo de Mesquita, nascido no século XIX e falecido em 1929, a fazenda Arvoredo foi herdada do seu espólio pelo filho primogênito José Mesquita, irmão do meu pai. Ao longo desse tempo a propriedade foi palco, além de sua atividade produtiva, de centenas de reuniões políticas e recepções sociais, sublinhando principalmente a época de Leonel Mesquita que adquiriu, preferencialmente, no inventário do seu pai José, o quinhão das partes pertencentes a sua mãe D. Floripes e dos seus irmãos, Ivone, Gilda, José Mesquita Filho e Neusa. O segundo período foi o da administração de Nidia Mesquita, minha irmã, casada com Leonel, falecido em 1979.
Evidentemente, o objetivo desse registro não se restringe a promover reportagem social ou política, nem registro, apenas, memorialístico. Mas, Arvoredo é uma das mais antigas propriedades agropecuaristas nas mãos de uma única família, de geração a geração e que antes no século XIX, pertencera ao coronel Estevam Moura. É considerada pelos experts, como uma das mais ricas do Rio Grande do Norte, em termos de terra fértil e diversidade produtiva. Antes da queda da atividade econômica das propriedades rurais, motivada pela prática de juros altos dos bancos oficiais e a ausência de uma política consistente dos governos, Arvoredo produzia: cana-de-açúcar, banana, leite, telha, melaço, pedra e tijolo, com um plantel dos melhores de gado nelore e mestiço. Frise-se, também, que o malogro da política de incentivos fiscais para fomento da atividade agropecuária no país, pode ser citado como uma das causas da derrocada desses projetos.
Mesmo com a diminuição das atividades produtivas, a fazenda Arvoredo resistiu e subsistiu, graças ao esforço ingente e espartano de Nidia. Certa vez, Paulo Mesquita, nosso tio pelo lado paterno, agrônomo, professor da UFRN, fez um vaticínio, ao seu modo característico de ser, ao realçar a fertilidade do solo da fazenda e pontuar os exageros dos gastos políticos do seu sobrinho Leonel com São Gonçalo do Amarante e Macaíba afirmando: “Leonel passa todo o dia gastando e destruindo a fazenda e ela milagrosamente se refaz e enseja a ele recomeçar tudo de novo”. Todavia, Arvoredo, nesta contemporaneidade teve fases de importância política e social, dignas de registro porque elas se incorporaram, queiram ou não, ao patrimônio sentimental, tradicional e cultural como ponto de referência de decisões políticas e administrativas.