FÉ EM DEUS, ALTO ASTRAL E PROPÓSITO –
O livro Fora de Série – Outlies, de Malcolm Gladwell, é inusitado. O cara é uma dessas figuras que criam teses intrigantes. Afiadíssimo e culto, ele tenta provar que os homens bem-sucedidos foram, invariavelmente, beneficiados
por oportunidades incríveis, vantagens ocultas e/ou heranças culturais.
Nessa fascinante investigação das raízes do sucesso, Malcolm não menospreza o coeficiente de inteligência, o talento visceral, nem, muito menos, o trabalho duro com disciplina. No entanto, enfatiza que a destreza social, associada, sobretudo, a fatos históricos, mesmo que seja um fato trágico, pode ser decisivo para que se façam grandes mudanças positivas na vida.
Nesse diapasão, me parece apropriado pinçar, nesse fantástico universo dos grandes pensadores e filósofos, duas cerejas do bolo, que me impregnaram nesse período de quarentena: o PROPÓSITO e a SOLITUDE.
A primeira delas, o PROPÓSITO, que é o cerne do belíssimo livro “Em Busca de Sentido”, escrito por Viktor E. Frankl, criador da Logoterapia. Segundo o autor, a necessidade mais profunda do homem é de ter um sentido para viver. Isso é a maior força motivadora do ser humano! No mundo atual marcado pelo efêmero, pelo caráter passageiro de tudo, o propósito é absolutamente essencial e serve como uma bússola, embora possa e até deva ser revisto de tempos em tempos. Sem ele, seremos sempre conduzidos e perderemos o protagonismo de nossas vidas!
Nesses dias, ocupei boa parte do meu tempo revendo os terrenos que tenho com alguns sócios. Coloquei toda a documentação e desenhos (estudos de potencialização de glebas) em dia e iniciei um projeto ousado: um bairro planejado, numa gleba de 260 hectares, voltado exclusivamente para a terceira idade!
A preservação do núcleo familiar sempre foi, para mim, uma meta (propósito) perene. Portanto, outra grande maravilha foi o reencontro pleno e mais íntimo com a família. Em tempos de resguardo, percebemos com nitidez, que é em casa que encontramos a paz mais verdadeira. É possível cuidar de perto e cuidar é amar na essência!
Contraditoriamente, o coronavírus me deu um grande presente! Trouxe meus dois filhos, ambos médicos, que estão fora de Natal fazendo seus projetos profissionais, para perto de mim. Tenho cozinhado para eles e batido longos
papos, como nunca!
Isso também tem acontecido com minha companheira, meu enteado, meus irmãos e um punhado de amigos mais próximos. Com minha amada mãe, Selminha, tenho mantido a prudente distância física, mas falo com ela várias vezes por dia e estou atento para todas as suas necessidades. Ela é uma aula de alto astral! Uma dádiva divina!
A segunda cereja, a SOLITUDE, é uma espécie de solidão positiva. É a capacidade que cada um tem de se isolar de forma produtiva e feliz! Confesso que gostaria de ter lido mais, escrito mais minhas bobas crônicas e assistido a mais filmes. Quase não fiz isso, mas aproveitei bastante meus momentos comigo mesmo para: caminhar e correr na praia, tomar banho de mar, tocar violão e comer calmamente. No entanto, a mais inusitada dessas experiências foi poder contemplar um pouquinho os canais sensoriais, diminuindo a agitação… Fazia anos que eu não prestava atenção ao som das ondas do mar, não pegava “cavalete” nelas… uma maravilha!
Inicio meu dia, invariavelmente, me encontrando com meus dois avós maternos, vovô Apolônio e vovó Anita, que são meus guias espirituais. Acordo, coloco um banho morno e rezo baixinho a oração matinal que vovô
me ensinou:
“Senhor,
No silêncio deste dia que amanhece
Venho pedir-Te a paz, a sabedoria e a força
Quero olhar hoje o mundo com olhos cheio de amor
Ser paciente, ser compreensivo, manso e prudente
Ver, além das aparências humanas
Teus filhos como Tu mesmo os vês
E assim, não ver senão, o bem em cada um…”
Na sequência, tomo bastante água, um café expresso sem açúcar e vou para o treino intervalado em jejum. Depois, vem o gostoso banho de mar. Só após o café da manhã é que ligo o Skype e inicio o dia com a galera dos desenhos e afins. O agito só começa agora!
Mas o caro leitor deve estar perguntando:
– Que cara feliz! Esse cara não tem medos ou tristeza nenhuma? A família
dele é perfeita? Ele não passa aperreios financeiros?
– SIM! Tenho todos os problemas que afligem a maioria da população, mas, de fato, me considero um sujeito essencialmente feliz!
Talvez por já ter visto de perto a ESCURIDÃO PLENA nos recentes anos de
2017 e 2018, quando sofri inúmeras internações em função do abuso de
álcool.
Talvez por ter entendido que, por mais desesperador que possa parecer o momento, sempre haverá uma luz! Como afirma meu inquieto ídolo maior, Oswaldo Montenegro: “Embora não pareça, a dor vai passar!”
No meu entendimento, só há uma saída: fé em DEUS, Alto astral e Propósito!
Fabiano Pereira – Arquiteto
Belo texto, Fabi (GOSTOU do Fabi?). Eu, na qualidade de seu revisor para assuntos aleatórios, não poria, tampouco tiraria, uma vírgula sequer.
Quando você se debruça sobre o papel e deixa o sentimento fluir trazendo à tona o que tem na alma, resulta nessas pérolas de pensamentos.
Parabéns!
Obrigaaaaaaaaado!