Felipe e Clara Camarão, únicos potiguares a terem os nomes escritos no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria — Foto: Reprodução
Felipe e Clara Camarão, únicos potiguares a terem os nomes escritos no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria — Foto: Reprodução

O presidente Lula incluiu, nesta semana, os lanceiros negros do Rio Grande do Sul, a educadora Dorina Nowill, o cantor Luiz Gonzaga e o professor Abdias do Nascimento no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

Mas você sabia que o Rio Grande do Norte também tem integrantes nesse grupo? Felipe Camarão e Clara Camarão são os únicos potiguares a terem os nomes escritos no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria.

O título é dado a personalidades que tiveram papel fundamental na defesa ou na construção do Brasil.

Entre os militares, escritores ou intelectuais, revolucionários, políticos, enfermeiros, inventores, músicos e imperador considerados heróis e heroínas brasileiros, estão também nomes como Tiradentes, Anita Garibaldi, Chico Mendes, Zumbi dos Palmares, Machado de Assis, Chico Xavier, Santos Dumont e Zuzu Angel.

O Livro de Aço, como também é chamado por ser formado por páginas de aço, fica abrigado no Panteão da Pátria, na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Felipe Camarão lutou contra domínio holandês no NE

Felipe Camarão foi o nome de branco dado ao indígena Poti da tribo Potiguar que habitava o Rio Grande do Norte. Ele nasceu no século 17 em Aldeia Velha, onde atualmente é o bairro do Igapó, na Zona Norte de Natal, e recebeu esse nome para homenagear Dom Felipe II, que foi rei de Portugal e Espanha. Além disso, Poti, na língua indígena, significa camarão.

“Ele se converteu ao cristianismo a partir do trabalho dos jesuítas. Inclusive, foi batizado na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, em Natal, por volta de 1614. Felipe Camarão é o nome cristão dele”, contou o professor de história Euclides Tavares.

“Ele aprendeu a ler e escrever o português e falava e escrevia o latim, mas se destacou, principalmente, como uma das lideranças dos indígenas contra a invasão dos holandeses na famosa Insurreição Pernambucana”.

 

Felipe Camarão foi um dos heróis das Batalhas dos Guararapes, que determinaram o fim do domínio holandês no Nordeste brasileiro. As batalhas aconteceram no Monte Guararapes, onde hoje está localizado o bairro de Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana de Recife (PE).

O negro filho de escravos Henrique Dias e o português Antônio Dias Cardoso acompanharam Felipe Camarão na luta pela libertação do povo nordestino e também são considerados heróis da batalha.

Mas a companhia mais agradável de Felipe Camarão era sua esposa, Clara Camarão. Clara também era indígena, porém não há registros de seu nome potiguar.

“Existem pouquíssimos registros sobre Clara Camarão. Provavelmente foram perdidos. Inclusive, não se sabe o nome original dela. Ao contrário do marido dela, que era o indígena Poti e depois foi batizado na igreja católica como Felipe Camarão”, relatou o professor Euclides.

Clara virou referência feminina nas batalhas

Clara Camarão é considerada uma das precursoras do feminismo no Brasil por ter lutado e liderado tropas femininas contra as invasões holandesas em meados do século 17.

Os historiadores acreditam que a indígena nasceu também em Aldeia Velha, mesma região de Felipe Camarão, por ela ser pertencente a uma tribo potiguar que habitava a margem esquerda do Rio Potengi. Alguns registros da história dela são escassos.

Depois de casada, Clara passou a acompanhar o marido Felipe Camarão nos combates.

O memorial da Assembleia Legislativa do RN cita, baseado no livro “A Mulher Potiguar – Cinco Séculos de Presença”, que Clara “rompeu a secular divisão de trabalho da tribo ao se afastar dos afazeres domésticos, no tempo necessário, para participar de batalhas”.

Segundo o livro, ela dominava o arco e a flecha, a lança e o tacape (uma espécie de bastão usado pelos indígenas), tudo isso montada a cavalo. Por não poder lutar ao lado do marido, diante de uma proibição imposta pelos costumes tribais, ela formava um pelotão de índigenas potiguares sob o próprio comando.

“Ao passo que combatia, exortava os soldados a cumprir os seus deveres, prometendo-lhes vitória, dando assim o exemplo a muitas outras mulheres que procuravam imitá-Ia”, cita o memorial da Assembleia Legislativa do RN.

Batalhas marcantes

Uma das batalhas contra do domínio holandês foi a de Porto Calvo, em 1637. As tropas do príncipe Maurício de Nassau haviam incendiado Olinda quando Clara Camarão, à frente de indígenas potiguares, combateu os holandeses.

Outra batalha citada pelo professor de história Euclides Tavares é a Batalha de Tejucupapo, onde atualmente é a cidade de Goiana (PE). O combate aconteceu em abril de 1946 e Clara Camarão liderou um grupo de mulheres contra os holandeses.

“Elas impediram o avanço de alguns soldados holandeses sobre esse povoado. Conta-se que elas tiveram uma estratégia muito interessante para atordoar esses holandeses: ferveram água, colocaram pimenta e jogaram próximo a eles. Então o vapor com a pimenta deixou os olhos dos holandeses ardidos e elas atacaram com tacapes, arcos e flechas e lanças, fazendo com que eles recuassem”, explicou o professor.

Segundo o livro, ela dominava o arco e a flecha, a lança e o tacape (uma espécie de bastão usado pelos indígenas), tudo isso montada a cavalo. Por não poder lutar ao lado do marido, diante de uma proibição imposta pelos costumes tribais, ela formava um pelotão de índigenas potiguares sob o próprio comando.

“Ao passo que combatia, exortava os soldados a cumprir os seus deveres, prometendo-lhes vitória, dando assim o exemplo a muitas outras mulheres que procuravam imitá-Ia”, cita o memorial da Assembleia Legislativa do RN.

Batalhas marcantes

Uma das batalhas contra do domínio holandês foi a de Porto Calvo, em 1637. As tropas do príncipe Maurício de Nassau haviam incendiado Olinda quando Clara Camarão, à frente de indígenas potiguares, combateu os holandeses.

Outra batalha citada pelo professor de história Euclides Tavares é a Batalha de Tejucupapo, onde atualmente é a cidade de Goiana (PE). O combate aconteceu em abril de 1946 e Clara Camarão liderou um grupo de mulheres contra os holandeses.

“Elas impediram o avanço de alguns soldados holandeses sobre esse povoado. Conta-se que elas tiveram uma estratégia muito interessante para atordoar esses holandeses: ferveram água, colocaram pimenta e jogaram próximo a eles. Então o vapor com a pimenta deixou os olhos dos holandeses ardidos e elas atacaram com tacapes, arcos e flechas e lanças, fazendo com que eles recuassem”, explicou o professor.

Fonte: G1

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