FELIZ 2021! – 

Minha primeira frase: feliz 2021! Sei que estamos na segunda quinzena de janeiro. Muitos votos de “paz, saúde, esperança” foram trocados entre nós na noite de réveillon, porém… nunca é demais dizer: feliz 2021!

Não sou saudosa… Ou sou? Agora estou em dúvida diante de como me vejo… Pensarei mais sobre isto depois… Não me sinto presa ao passado. Sinto falta de algumas coisas, claro. Subir no Morro do Careca – cartão postal de nossa cidade Natal – e rolar na descida, ler Monteiro Lobato sem pensar se ele agora seria carimbado como “politicamente incorreto”, comprar caderno combinando com a agenda e as canetinhas no início do ano letivo (Mentira! Ainda faço isso!), andar de pedalinho na Cidade da Criança. Sinto falta. Sem dor ou lamentos. Sem me entristecer por não repetir.

Sinto falta da noite de Réveillon! Não me interprete mal. Nunca gostei das festas, música alta que nos faz gritar para sermos ouvidos e que, na maioria das vezes, pergunto uma coisa e escuto uma resposta sem relação nenhuma com ela. Nunca fui de curtir me arrumar toda para ficar na sala. Preferia ficar na cozinha, procurando o próximo prato de rabanadas, o arroz com lentilha (não por superstição, mas por amar lentilha) e bacalhau com bastante azeite e batatas, enquanto escuto um ou outro falar:

– Vermelho? Paixão! Amarelo? Dinheiro! Branco? Paz!

E ficar rindo por dentro, pensando que coisa louca é alguém acreditar que a roupa que está à meia-noite do dia 31 de dezembro mudará sua sorte por todos os outros 365 dias ou 366, dependendo do mês de fevereiro, que se seguirão!
Nunca acreditei em pular sete ondas, comer sete uvas, pular sete ondas comendo sete uvas com o pé direito. Nada disso!

Sinto falta de acreditar que à meia-noite do dia 31 de dezembro uma página se vira e tudo começa do zero. Como se não carregássemos nossos problemas, medos, fracassos. Um momento mágico. Meia-noite e… a borracha agiria em todas as vidas existentes no planeta e tudo iniciaria com novos ares… Paz… Esperança… Amor… Até ouvirmos a primeira buzinada e o xingamento do motorista de boca suja. Algumas coisas não são apagadas pela borracha… De volta à realidade…

Sinto falta de acreditarmos que realmente tudo pode mudar só porque o calendário é novo!

Este ano, mais do que nos outros, precisamos acreditar nisso novamente. Fiz, como de costume, minha lista de sonhos para 2021. Percebi como foram mais simples. Ler mais, rir mais, beber mais água, comer mais frutas, relaxar mais, rir muito mais (entrou duas vezes na lista), comprar menos, reclamar menos, olhar o céu, ouvir músicas novas (amo as antigas e não me desapego delas), exercitar mais, vacinar…

Peraí! Vacinar? Nunca este item havia entrado na minha lista de desejos.

A vida mudou!

Sinto-me como aqueles globos que sacudimos com veemência e ficamos assistindo aos falsos flocos de neve se assentarem sobre a cidadezinha de brinquedo. Nenhum cristal de neve é igual a outro. Quem já examinou um por um? Sempre me pergunto isso… Somos nós! Imensos cristais de neve que na verdade somos tão pequeninos e procuramos nossa individualidade, sendo sacudidos para cá e para lá.

Desejo vacina! CoronaVac, Sputinik ou qualquer outra marca comercial. Desejo a todos doses de vacinas nos bracinhos finos ou rechonchudos, seguidas de olhinhos sorridentes por sobre as máscaras cansadas de serem lavadas e de brigarem com nossas orelhas, puxando-as em direção ao nariz. Desejo que o aprendizado de lavar as mãos não seja perdido, mas que o álcool em gel tenha uma trégua. Desejo que possa conversar com amigos sem embaçar meus óculos com cada expiração. Desejo poder abraçar! Que delícia é um abraço. Desejo rir até doer a barriga e depois ter crise de tosse e não precisar explicar que não é sintoma de Covid-19. Desejo espirrar em público sem pedir perdão pela minha rinite. Desejo isso para todos. Para o mundo!

Feliz 2021! Com amor… fé… esperança… paz… saúde… doses de vacina!

 

 

Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, Professora universitária e Escritora

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