Os desafios do dia a dia, desde os nossos lares, devem merecer muito mais a atenção de cada um de nós.

Em função da permeabilidade das drogas em nossas famílias estamos sendo vencidos quanto à capacidade de prevenirmos a entrada desse mal em nossas casas. Na maioria das vezes só descobrimos que as drogas estão em nossos lares depois que as batidas na porta já acontecem pelo lado de dentro. Prevenir deveria ser a meta, mas, cada vez mais tem sido deixado de lado.

A dependência e o tráfico de drogas foram associadas ao crime em geral e têm gerado verdadeiras “guerras” nas grandes e nas pequenas cidades. Podemos afirmar com certeza quase que absoluta que inexistem locais no Brasil que não estejam atravessando este tipo de situação.

Como explicar algo assim? Falha na organização da sociedade? Nossas Instituições estão se declarando incapazes de reverter a situação para a retomada do controle. Inexistem princípios de organização, de ordenamento ou de estratégia para o enfrentamento, gerando exemplos nefastos para os jovens, comprometendo o presente e o futuro da sociedade.

Talvez tenhamos nos afastado demais da formação e manutenção de uma religiosidade? A religião tem um papel fundamental na orientação das pessoas, pelo respeito devido a um Ser Superior. Isto significa obediência e sentimento fraterno, coisas em falta na educação nos dias de hoje, principalmente dentro dos lares.

Por outro lado, a desarticulação familiar está num ponto difícil de ser mantida. As figuras materna e paterna não conseguem mais impor limites aos filhos, quer pela ausência ou pela incapacidade, ou até mesmo pelo desconhecimento do que venham a ser ou de como fazer.

Temos ainda uma crise quanto aos princípios da cidadania, pelo fato de que as pessoas têm procurado sempre levar vantagem no que fazem, independente do que precisem fazer para conseguirem seus objetivos.

Para aqueles que resolvem agir à margem das leis, o fazem com uma certeza de que na maioria dos casos a impunidade lhes beneficiará, gerando mais estímulos e exemplos negativos.

Assim, a linha que separa o legal do ilegal fica muito tênue.

Quando o Estado identifica os transgressores, a punição aplicada tem sido tão demorada que se torna muito mais em injustiça do que justiça. E o cidadão vítima passa a tentar resolver as agressões por sua própria conta, assumindo o papel que cabe ao sistema de justiça.

Sobre a tarefa de punição para a correção dos procedimentos do cidadão à margem da lei, chamada de ressocialização, esta não tem sido a mais apropriada, e por essa falha está estimulando a reincidência no crime.

Esta situação de incertezas, demoras e falhas da sociedade demonstram fragilidade e convivem com uma crise de Ética sem precedentes na história do Brasil.

Temos solução?

Acreditamos que tudo pode começar com uma reorganização do sistema educacional, fazendo com que o futuro do país possa entrar em contato desde cedo com educadores preparados para mostrar, de forma integral, o lado certo do caminho. As escolas precisam cuidar dos alunos durante um tempo maior do que o atual, preenchendo o espaço vazio ou errado que tem sido mostrado pelas famílias.

É preciso explicar os direitos e deveres de cada ator da sociedade, para que o coletivo seja priorizado, com igualdade de oportunidades, na busca do bem comum.

Os setores da sociedade encarregados de enfrentar a violência precisam estar melhor priorizados em pessoal e material, bem como agir de forma integrada e imediata para a efetivação da correção. O respeito aos direitos individuais do cidadão, a valorização dos agentes da segurança e a participação de todos os órgãos governamentais, desde os municípios até a União, são fundamentais para a prática da justiça. Uma justiça tardia deixa de ser assim considerada.

 A mídia dedica um espaço enorme à área de segurança e exerce um papel fundamental na prevenção. Entretanto, temos que cuidar para que não recebam mais importância os aspectos negativos da natureza humana dos que decidem viver fora da lei, em detrimento dos que respeitam e valorizam o ser correto.

  Algumas pessoas que decidiram agir à margem das leis afirmam que assim o fizeram para se defenderem, evitarem um mal maior, ou simplesmente porque acharam certo agir daquela forma.

 Se nos consideramos simplesmente membros de uma sociedade, então devemos ajudar no esforço de reintegração à normalidade desses, digamos assim, errantes casuais, ou como diz a linguagem coloquial, marginais. Afinal de contas, quando esse esforço de ressocialização falha, toda sociedade arca com os danos.

 Finalizo apresentando a necessidade de nos unirmos na busca da definição das raízes de toda essa violência que assola nossas cidades e lares, para depois aplicarmos as devidas correções nos procedimentos. Acreditamos que algumas dessas causas devem ser diferenciadas pelas condições de educação, segurança e cidadania que cada região do país possui. Mesmo assim, rever tudo isso é mais do que urgente, sob pena de em breve termos que enfrentar uma verdadeira guerra civil.

 General Eliéser Girão Monteiro Filho – Secretário de Segurança Pública e da Defesa Social do Estado do Rio Grande do Norte

Ponto de Vista

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  • Presado Nelson Freire, parabéns pela excelente entrevista reolisada com o então secretário Exmo General Eliézer, o qual conforme o texto, aponta sim para as principais saídas para o efetivo enfrentamento da escalada da violência pública, especialmente quando exalta a família, as escolas, a valorização dos policiais e a inversão de pauta por parte da imprensa que via de regra exalta o crime e não as ações que buscam inibir essa prática. Não nos surpreende o nobre General não ter permanecido muito tempo na pasta, pois buscam hipócritas e não profissionais. Abraços.

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