FESTA DE SANTANA EM CAICÓ –
Após os festejos carnavalescos, os caicoenses se agendam para a Festa de Sant’ana que ocorre nos dez últimos dias de julho. Nesta época com impressionante fé e alegria contagiante os nascidos em Caicó que residem em diversas cidades do país voltam à sua cidade para rever familiares e amigos, daí a presença numerosa de automóveis e motos com placas de diversos Estados da nossa federação.
Nos espaços da Praça da Liberdade, do Rosário, Praça Monsenhor Walfredo Gurgel e na Catedral de Sant’ana, existem momentos religiosos e bandas tocando para a alegria de todos.
Existe uma vasta programação religiosa que se inicia quando os “peregrinos de Sant’ana” chegam de sua caminhada de alguns dias, iniciada em Currais Novos. No dia seguinte temos o dia da “alvorada”, onde uma procissão percorre as principais ruas até a Catedral, onde é hasteado o “Pavilhão de Sant’ana”, marcando oficialmente o início da festa.
A mãe da Virgem Maria é homenageada e cultuada durante nove dias consecutivos na “Novena de Sant’ana”. O discurso dos celebrantes é marcado pela importância da festa bem como da presença da Santa como aglutinadora das esperanças do povo seridoense por dias mais alvissareiros.
A parte profana da programação é marcada por barracas e bares que ficam abertos toda a noite, com a presença de jovens e adultos. Um detalhe chama a atenção dos visitantes: as pessoas tem a vaidade e a alegria de usarem seus melhores trajes à cada noite. Nos passeios, festas e bares, o importante é ver e ser visto.
Na festa do “ex-aluno” do Colégio Diocesano Seridoense é tempo de rever os amigos, os bons momentos das salas de aula, brincadeiras jocosas e os apelidos criados durante esse companheirismo.
Na “Festa de Sant’ana” que os caicoenses chamam amavelmente de “Feirinha”, toda a população participa nos comes e bebes. As comidas típicas são representadas pela paçoca, feijão coalho, carneiro guisado, panelada, buxada e filhós, que é uma sobremesa típica portuguesa adaptada à região.
A Feira de Artes Manuais do Seridó (FAMUSE) mostra trabalhos de artesãos que incluem bordados, palha, cerâmica, rede, doces, santos de madeira, trabalhos em couro e pinturas. Os bordados são representados por toalhas de mesa e banho, panos de prato, lençóis, colchas e roupas diversas.
O tradicional “Baile dos Coroas” surgiu de uma conversa entre três amigos (Darci Fonseca, Erivaldo Bezerra e Automenes Josué) numa mesa do antigo bar de Xexéu, pois a cidade não tinha uma festa onde pudessem reviver os antigos bailes de suas juventudes. Esta festa sempre é realizada na última Sexta-feira do mês de julho e é obrigatório traje passeio completo para homens e vestido para mulheres. A alegria e a animação estão presentes até o amanhecer.
Durante vários anos participei juntamente com diversos amigos dessa festa. Éramos convidados de Atim (Automenes Josué) e Dilma que nos recebiam com carinho, gentileza e mesa farta na Fazenda Pedra do Sino.Atim, tinha uma receita de viver muito especial e era pólo de atração dos seus amigos através da magia de sua personalidade. Era um homem muito positivo e convicto em suas opiniões.
Dilma, alegria contagiante e sempre solícita com seus convidados. Com que saudade me lembro das reuniões e brincadeiras no açude e nas dependências de sua fazenda. Após sua morte, há muitos anos atrás, passei tempos sem estar presente aos festejos de Sant’ana. Se Deus quiser pretendo fazê-lo este ano.A Festa de Sant’ana representa a identidade, socialidade, hospitalidade, fibra, alegria e fé do povo caicoense.
Lenilson Carvalho – Dentista e escritor