FESTAS JUNINAS –

As festas juninas compreendem as celebrações de Santo Antônio (13/6), São João (24/6) e São Pedro (29/6).
Santo Antônio, na cultura popular, é considerado o santo casamenteiro. É quem abre as festas juninas. O seu dia é dia de rezas fortes, com a intenção de se arranjar “pareia”. Santo Antônio é conhecido por trazer “pareia”, por gosto ou aos empurrões. Por isso, o dia dos Namorados é festejado em seu louvor, logo na véspera, 12.6.

A propósito, o Dia dos Namorados passou a ser comemorado no Brasil a partir de 12 de junho de 1949, véspera de Santo Antônio, por iniciativa do publicitário João Dória, que criou uma campanha nesse dia, para impulsionar as vendas de presentes, que, naquela data, seriam trocados entre os namorados.

Santo Antônio é conhecido como o “Santo casamenteiro” e sua festa tem grande popularidade entre os brasileiros.

As tradições juninas, no Brasil, datam de 1583. A fogueira, as quadrilhas, as roupas caipiras, os fogos e balões tem origem diversa.
A quadrilha teve origem na França (quadrille). Era uma dança com passos inspirados nos bailes da nobreza europeia, surgida nos salões da corte francesa.

Na época da colonização do Brasil, os portugueses trouxeram essa dança, onde os participantes obedecem a um marcador, que usa palavras afrancesadas, para indicar o movimento que devem fazer, tais como: “anavantur” (en avant tout), “anarriê” (en derrière), “avancê” (avancer), “balancê” (balancer), etc.).

As festas juninas são comemoradas em todo o Brasil, principalmente na região Nordeste, onde chegou através dos padres Jesuítas, com muito sucesso.

Como o Nordeste padece com a seca braba, o povo aproveita as festividades juninas para agradecer as chuvas que raramente caem na região, servindo para manter a agricultura.

A mistura do linguajar matuto com o francês deu origem ao “matutês”, com humor e sotaque do interior nordestino. Nesta dança, é preciso seguir os comandos e no final os casais participantes se despedem, acenando ao público.

Os fogos de artifício são originados da China, onde teria surgido a manipulação da pólvora para a fabricação de fogos. Há também quem diga que os fogos são uma forma de agradecer aos deuses pelas boas colheitas. Na crendice popular, os fogos são elementos de proteção, pois espantam os maus espíritos, além de servir para acordar São João com o barulho.

Os trajes de rendas e fitas, tradicionalmente usados pelas damas que dançam as quadrilhas, são características da Península Ibérica, muito usados em Portugal e na Espanha.

Os homens fazem opção por camisas coloridas, estampadas ou “Xadrez”.

Esses caracteres culturais foram, ao longo do tempo, se integrando aos aspectos culturais dos brasileiros, incluindo os indígenas, afro-brasileiros e imigrantes europeus, em todas as regiões do País.

O maior símbolo das festas juninas é a fogueira.

Conta a História que a fogueira tem raízes católicas. Deriva-se de uma promessa feita entre as primas Isabel e Maria, Mãe de Jesus. Isabel havia prometido a Maria mandar acender uma fogueira sobre um monte, para lhe avisar do nascimento do filho João Batista, e assim pedir a sua ajuda.

No Brasil, a fogueira foi muito bem aceita pelos índios, que já gostavam muito de dançar ao redor do fogo.
Há ainda quem considere a fogueira uma proteção contra os maus espíritos, que atrapalhavam a prosperidade das plantações.

Por fim, há aqueles que utilizam a fogueira apenas para se aquecer e unir as pessoas ao seu redor, já que a festa é realizada num mês frio.
As brasas da fogueira também são um exemplo dessas tradições: assim que se apagam, devem ser guardadas. Conservam, desse modo, um poder de talismã que garante uma vida longa a quem segue o ritual. Talvez por isso, algumas superstições dizem que faz mal brincar com fogo, urinar ou cuspir nas brasas ou arrumar a fogueira com os pés.

Em Nova-Cruz (RN), minha terra natal, crianças e adultos aguardavam com ansiedade que a fogueira fosse acesa. Se o fogo pegasse logo, era sinal de que no próximo São João, todos estariam vivos. Se não pegasse, era mal sinal. Por isso, quando a fogueira acendia logo, todos batiam palmas de felicidade!

Os balões coloridos enchiam de alegria o Céu estrelado das noites de São João. E o som das músicas de Luiz Gonzaga se ouvia no rádio à bateria.

A era cibernética ainda estava longe de acontecer.

A Internet era uma utopia; nem ao menos se sonhava com ela. Os sons estridentes também não eram ouvidos, nem em sonho.

Os sons barulhentos das atuais festas juninas, e a substituição dos antigos e românticos forrós de Luiz Gonzaga pelas músicas sertanejas e de vaquejada, e até pelo Funk, Rap e Axé, fazem com que os amantes da boa música sintam-se cada vez mais frustrados e saudosos das antigas festas juninas.

Apesar de Santo Antônio (13/06), São João (23/06) e São Pedro (29/06) serem muito festejados, entre as três festas juninas, a mais animada, por tradição, é a Festa de São João.

Mas, as três festas juntas dão ao mês de junho um sabor de milho verde, iguarias saborosas e uma alegria cheia de saudade dos tempos idos e vividos, quando as festas juninas eram puro lirismo, sonhos, adivinhações e fantasia.

Salve Santo Antônio!, Salve São João! Salve São Pedro!

Viva a Cultura Popular!

 

 

 

Violante Pimentel – Escritora
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