AB DALTON MELO DE ANDRADE

Dalton Mello de Andrade

Neste jornal JH, no dia 7, Armando Negreiros, com a sua verve original, disse verdades que precisavam ser expressas, a respeito do chamado “novo e vencedor aeroporto de Natal”. Concordo com ele, em todos os graus, que essa foi das mais infelizes decisões já tomadas e, como de hábito, sem ouvir a opinião das vitimas, todos nós, que pagamos a conta. Isso, depois de gastarem mais de vinte milhões para “adequar o Augusto Severo ao inusitado fluxo de turistas previsto”. Fluxo que, segundo os jornais, tem aumentado. Acho que poderia ter aumentado muito mais, com o Augusto Severo. Minha opinião.

Falaram, como argumento, que o novo aeroporto seria de carga. Olho para o céu e imagino milhares de aviões lutando para conseguir um pequeno espaço no novo aeroporto. Engodo, dos maiores, ou ignorância, lamentável, de quem pensou isso. Nós, antigos natalenses, nos lembramos e somos testemunha da época, logo apos a guerra, quando os aviões das companhias européias, todas, cruzavam o Atlântico e chegavam aqui, pela absoluta falta de autonomia, ou seja, gasolina suficiente para ir ao seu destino final. Com a evolução tecnológica e o advento dos jatos, esses aviões simplesmente passaram a nos sobrevoar, indo diretamente aos seus destinos originais, e nós ficamos a “ver aviões”.

O mesmo ocorre agora. Quem, meu Deus, pode ver esses milhares de enormes aviões de carga vindo para Natal, descarregar aqui suas cargas para aviões menores, que daqui as levariam para seus destinos finais? Esqueceram que, quanto maior o avião, maior sua autonomia – e vão direto aos seus destinos. Mais seguro, mais rápido e mais econômico. Simples assim. Portanto, patente a desnecessidade desse novo aeroporto. E, parodiando Armando, voltemos ao Augusto Severo. Se ao menos a Prefeitura de Parnamirim se engajasse, que parece não ter defendido a permanência do Augusto Severo.

Mas, em termos de ficção turística não ficamos aí. Temos uma ponte que impede a navegação, impedindo a entrada dos grandes navios de turismo, hoje dominantes. E de nos levar a um outro lado praticamente sem saída. Um gargalo, que nos horas de “rush” inferniza a vida de qualquer cristão. Prometeram construção imediata de estradas para o escoamento do tráfico, mas, quase dez anos depois, continuamos no “ora e veja”.

Para terminar, gastaram o dinheiro do mundo todo, nosso dinheiro, para construir um Terminal de Passageiros, que receberia centena de navios e milhares de turistas. Os navios não conseguem entrar. Alguns, menores, conseguem. Mas, mesmo esses, são quase raridade no dia a dia do porto e de Natal. Com o novo e caro terminal, o mais que temos conseguido é ficar a “ver navios”.

Como diria a Madre Superiora, é um Deus nos acuda.

Dalton Mello de Andrade – Ex secretário de educação doRN

 

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