FILHO DE PEIXE É PEIXINHO? –
Não sei, mas acho que sim, herdei o DNA (Direito Natural da Alegria) de meu pai, por isto acho que morrerei sendo criança, ou metade adulta e metade criança.
Lendo jornais antigos, vejo alguns escritos sobre meu pai. “Leio em “O Poti” edição de quatro de fevereiro de 1955 e descreve sobre o talento de Evaristo de Souza poeta repentista, o autor (não tenho o nome) descreve:” Vejam com que facilidade ele improvisou, em cima da perna, este mote que lhe dei ontem. Comenta-se que o farmacêutico Clodoaldo Leal (Cloro)dormira uma noite toda no seu estabelecimento, com um jacaré solto dentro de casa sem que ele soubesse. Pensava que era uma alma do outro mundo ( a batedeira que o jacaré fazia dentro da farmácia) e só pela manhã apareceu um portador para levar o jacaré, que na véspera haviam deixado na Farmácia, dentro de um caixote ( o jacaré saiu do caixote). Dei então a Evaristo este mote.
Cloro dormiu com um anjo
Apesar do Jacaré
Glosa
Além de ser um marmanjo
Ter língua muito ferina,
Em se lembrar da menina
Cloro dormiu com um anjo!
Na rua, tocava um banjo
Em sol menor ou ré
A farra passa a pé
Em direção a Ribeira,
Numa eterna brincadeira
Apesar do jacaré
Na verdade meu pai passou a noite toda com esse jacaré zoando dentro da Farmácia, mas ele nem ligou e cada barulho que o jacaré fazia ele gritava – Se for alma do bem e mulher venha me abraçar, se for alma do mal me deixa dormir.
Certo dia estava eu jantando com amigos, um deles recebe um telefonema do Rio de Janeiro, de uma senhora no celular dizendo querer falar com padre Antonio. Prontamente ele me passa o telefone e diz – Padre Antonio telefone para o senhor. Prontamente eu atendi quando a mulher foi falando
– Padre, meu marido continua o mesmo e não está fazendo nada do que o senhor falou. O que devo fazer?
– Olha minha senhora, já falei com seu marido e acho que a única solução é a senhora deixá-lo, vá viver a vida, arranje um namorado e veja se dá certo com outro homem, esse seu marido é um cabra safado.
– É mesmo né padre? Vou seguir o seu conselho, muito obrigado, um beijo, tchau.
Não sei as cenas seguinte do crime, pois não sou padre, não conhecia nem a mulher, muito menos o marido.
Chega um cidadão na Farmácia e vai logo dizendo.
– Seu Cloro, o doutor passou um remédio, mas eu perdi a receita não me lembro o nome.
Cloro pediu para ele fazer um esforço e ver se o nome lembrava alguma coisa. De repente o homem diz:
– Olha é parecido com “sarta pra rima do bicho.”
Cloro pensou um pouco, foi nas prateleiras e tirou um vidro de “Salsaparrilha de Bristol”. Acertou na mosca.
Guga Coelho Leal – Engenheiro e escritor, membro do IHGRN