Filme "O grande amor de um lobo" foi premiado em Los Angeles — Foto: Reprodução

O documentário curta-metragem potiguar “O grande amor de um lobo” ganhou o prêmio de “Reconhecimento Especial” no 12º Los Angeles Brazilian Film Festival, em Los Angeles (EUA). O filme foi produzido pelo coletivo Nós do Audiovisual, que é resultado das oficinas desenvolvidas pela equipe da Mostra de Cinema de Gostoso, na cidade de São Miguel do Gostoso, no litoral Norte.

O curta já havia ganhado também a premiação de aquisição do Canal Brasil no Cine Ceará, e deve começar a ser exibido no canal de TV nos próximos meses. O documentário traz a relação de Adrianderson Barbosa com o cinema. Morador de São Miguel do Gostoso, ele tinha o sonho de escrever uma história para ser exibido nas telonas. “O grande amor de um lobo” conta como foi para Adrianderson tirar essa ideia do papel.

Além destas premiações, o coletivo gostosense também levou, com documentário “Filho de Peixe”, o direito de exibição na TV Cultura no Festival Internacional de Curtas de São Paulo.

Os integrantes do coletivo Nós do Audiovisual participam das oficinas da Mostra de Gostoso, que acontecem desde 2013 no município. O projeto junto à comunidade de São Miguel do Gostoso realizou, em cinco anos, 45 oficinas, que resultaram na produção de 19 curtas-metragens, contando com os que serão exibidos no festival deste ano, e também na criação do coletivo.

Os cursos são de formação técnica e audiovisual e têm como objetivo proporcionar o domínio de toda a cadeia da produção cinematográfica. Além de produzirem filmes, os participantes também trabalham nos bastidores da mostra, anualmente.

De acordo com Eugenio Puppo e Matheus Sundfeld, diretores-gerais da mostra e coordenadores desses cursos, participam do trabalho jovens com idades entre 17 e 22 anos, que normalmente estão em fase e conclusão do ensino médio. Os dois contam que, no ano passado, uma nova turma foi aberta, com mais 43 novas vagas. A primeira turma, em 2013, teve 54 alunos.

“E os alunos que já participavam do projeto seguem atuando, inclusive auxiliando os professores nas oficinas, trocando conhecimento com os novos. Isso é muito bacana”, pontua Puppo.

Durante esse processo, os estudantes participam de aulas de linguagem audiovisual, história do cinema mundial e brasileiro, produção cultural, animação, roteiro, vídeo, entre outras áreas relacionadas à sétima arte, com exibições de filmes e discussões sobre os temas. “Sempre com professores gabaritados, referências. Depois que eles entendem o que é o cinema, identificamos as aptidões de cada um dentro da produção audiovisual”, explica Eugênio Puppo.

A estudante Maria Clara da Silva, de 18 anos, entrou para o grupo no ano passado e participou, logo no primeiro ano, da produção de quatro curtas. Em dois como assistente de direção, em um como cenógrafa e no outro na produção.

Em junho deste ano, teve uma reportagem produzida junto com uma colega do coletivo selecionada pelo projeto GloboLab. Passou uma semana acompanhando o trabalho das equipes do programa Profissão Repórter, na TV Globo. “Experiência incrível”, resumiu.

Para a Mostra de Gostoso de 2019, ela levará um curta-metragem que assina o roteiro e a direção. “Antes do projeto eu me interessava por cinema, sempre gostei. Pensava em atuar, dirigir… mas nunca tinha tido a oportunidade. E agora eu me descobri escrevendo, dirigindo”, relata.

“Formar cidadãos”

Eugenio Puppo conta que, em 2012, quando a Heco Produções chegou para ministrar as primeiras palestras em São Miguel do Gostoso, encontrou um ambiente em que as pessoas estavam acomodadas, muitas sem uma atividade remunerada.

Segundo Puppo, a Mostra de Gostoso tem feito com que a comunidade se movimente. “Muitos dos participantes foram para a UFRN, ou para o IFRN. Impressiona a força que o cinema trouxe, mesmo para quem não seguiu na área. Queremos fazer com que eles entendam o seu papel na sociedade e queremos formar cidadãos”.

Ainda de acordo com o diretor-geral da mostra, as oficinas permitiram que alguns dos alunos conseguissem profissões através dos conhecimentos adquiridos. Foi o caso de Everton Cardoso, de 31 anos.

Ele começou a participar das oficinas da Mostra de Gostoso em 2014 e, de lá até aqui, atuou em 18 dos 19 curtas-metragens produzidos, em diferentes funções. Porém foi na sonoplastia e projeção de imagem que se encontrou. Atualmente, trabalha no Centro Cultural de São Miguel do Gostoso realizando esse trabalho. “É a área que eu gosto, e uma profissão que aprendi nas oficinas”, conta.

Neste ano, a 6ª Mostra de Cinema de Gostoso exibirá, entre os demais filmes, mais quatro produções inéditas do coletivo Nós do Audiovisual. O festival vai acontecer entre esta sexta-feira (8) e a terça (12).

Fonte: G1RN

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