FILOSOFANDO – Ana Luíza Rabelo

FILOSOFANDO –
Segundo a Wikipédia, Filosofia (do grego, literalmente “amor à sabedoria”) “é o estudo de problemas fundamentais relacionados à existência, ao conhecimento, à verdade, aos valores morais e estéticos, à mente e à linguagem”. Mas, relendo o livro “O Dia do Curinga” de Jostein Gaarder, volto atrás na minha confiança cega na enciclopédia virtual e dou um novo conceito à palavra. Filosofia, hoje, para mim, é uma arte cujos seguidores dedicam-se não apenas à busca do conhecimento, mas à busca de respostas sobre a vida. O que somos, de onde viemos e para onde vamos são questões fundamentais para qualquer filósofo, e suas respostas são, ainda, fundamentais para qualquer pessoa. Pena que ninguém conseguiu dar conta de solucioná-las.
A busca humana pela sua origem e seu destino começou milênios antes de chegarmos aqui, e tudo o que conseguimos, a título de esclarecimento, chegou a nós através das religiões. Se em mais de dois milênios os “amantes do saber” não foram capazes de nos fornecer respostas válidas e ainda nos deram mais algumas questões, e nós estamos aqui, talvez seja porque tais perguntas são irrelevantes para a construção do que nós somos. O caráter, o temperamento, as atitudes e as reações que cada um tem fazem de nós criaturas únicas, mesmo que não sejamos “curingas”.
É de conhecimento comum a importância de cada uma das cartas de um baralho, que, sem um simples três ou dez, de qualquer naipe, fica incompleto, inutilizável. Se a ausência de uma mera carta de baralho pode ser tão notada, imagine o quanto cada um dos seis bilhões de seres humanos, neste planeta, é importante. Imagine a importância das suas atitudes no jogo da vida. Imagine a falta que cada ser humano faz.
Diante disso, filosofando ou não, fica fácil se apegar à vida, ao amor, à caridade e à generosidade. Fica fácil se desprender de um baralho ou de qualquer bem material para manter uma única e desconhecida vida. Não preciso ser uma sábia para descobrir que “coisas” vêm e vão, mas que pessoas marcam. Gravamos experiências na memória, e, muitas vezes, é difícil esquecer isso ou aquilo que nos aconteceu, mas é importante lembrar que somos nós quem damos o peso a cada episódio, somos nós quem perdoamos ou guardamos mágoas.
E, se é tão importante ajudar o próximo, devemos começar ajudando a nós mesmos, limpando nossa “bagunça mental e emocional”, “passando a régua” naquilo que passou. Começando do zero, todos os dias, é que podemos ver com clareza a vida, é que podemos vivê-la plenamente. Essa régua, esse instrumento “zerador”, não pode ser outro senão o amor e o perdão. Sem eles, seríamos criaturas despedaçadas por cada ato ou palavras mal direcionados.
Com esse conhecimento, concluímos que somos os algozes de nós mesmos, mas também somos nossa única salvação. Acreditar em si, confiar no melhor da vida e subir um único degrau a cada passo, deixando os rastros do que houve no passado apagar-se por si só, é a solução. É a trilha da evolução pessoal e da evolução humana. Só amando e perdoando poderemos ensinar às novas gerações como fazê-lo, e só assim teremos a garantia de um futuro, mesmo quando não se acredita de onde veio e para onde vai…

Ana Luiza Rabelo – Advogada (rabelospencer@ymail.com)

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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