O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou nesta terça-feira (26), para 1,7%, a estimativa para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil este ano. Em relatório divulgado em março, a previsão era de uma alta de 0,8%. Três meses antes, a estimativa era ainda menor, de alta de 0,3%.
A revisão do PIB brasileiro deste ano foi na contramão dos dados globais – para a economia mundial, o fundo reduziu a previsão de crescimento em relação ao relatório de março, de 3,8% para 3,2%.
Mesmo assim, o crescimento brasileiro este ano deve ser menor que o de quase todos os países que tiveram os dados revisados nesta terça: apenas a Alemanha (1,2%) e a Rússia (-6%) devem ter desempenhos piores este ano. Fica atrás também da estimativa para a América Latina e Caribe, que deve crescer, como um todo, 3% este ano.
Já para o próximo ano, a estimativa para o Brasil seguiu a tendência global, e também recuou. De uma alta esperada de 1,4% no relatório de março, o FMI agora vê uma expansão de apenas 1,1%.
Em todo o mundo, a piora nas estimativas foi um pouco mais acentuada: o fundo estima um crescimento e 2,9% do PIB em 2023, 0,7 ponto percentual abaixo do esperado no relatório de janeiro.
De acordo com o FMI, a economia global teve contração no segundo trimestre deste ano, puxada principalmente pela Rússia (por conta da guerra na Ucrânia e das sanções aplicadas pelos demais países) e pela China (onde longos períodos de lockdowns para conter a pandemia da Covid-19 prejudicaram as atividades).
O consumo nos Estados Unidos, que ficou abaixo das expectativas, também prejudicou o desempenho da economia global, assim como a inflação.
“A inflação global foi revisada para cima graças aos preços dos alimentos e de energia, assim como duradouros desbalanceamentos de oferta e demanda, e antecipa-se que deve atingir 6,6% nas economias avançadas, e 9,5% em mercados emergentes e em economias em desenvolvimento”, apontou o FMI no relatório.
O relatório do FMI é pessimista quanto ao futuro da economia global, e aponta que os riscos para as perspectivas “estão fortemente inclinados para o lado negativo”.
“A guerra na Ucrânia pode levar a uma parada súbita das importações da gás da Rússia; a inflação pode ser mais difícil de ser contida do que antecipada – tanto se os mercados de trabalho ficarem mais ‘apertados’ que o esperado ou se as expectativas para a inflação se desancorarem –; as condições mais difíceis de crédito podem induzir ao endividamento em mercados emergentes e economias em desenvolvimento; novas ondas de Covid e lockdowns, assim como a escalada da crise do setor imobiliário, podem agravar a desaceleração do crescimento chinês; e a fragmentação geopolítica pode travar o comércio e a cooperação globais”, descreve o FMI.
Em um cenário em que esses riscos se materializem, o fundo estima que o crescimento global desacelere a 2,6% este ano, e a 2% em 2023 – o que levaria a um desempenho entre os 10% piores desde 1970.
Fonte: G1
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