FOME ACUMULADA –
Estou de dieta, ou melhor, passando pela reeducação alimentar. Significa que o manequim precisa ser reduzido, assim como as taxas de triglicerídeos e colesterol, as quais estão batendo recordes estratosféricos. Levei broncas de médicos e entrei na linha.
Voltei ao diário alimentar, ao comer de 3 em 3 horas, ao cuidado na ingestão de água e ao pensar se esse alimento me é permitido ou não. Assim, frutas, saladas de vegetais e peixes voltaram ao meu mundo como se fosse um tsunami, não dando espaço para os docinhos, bolinhos e sanduichinhos que me atraem tanto.
Como era de esperar, não basta a qualidade, mas a quantidade de comida que ingiro precisa ser refletida e, um dia desses, com o humor tão ácido como o ph de meu estômago, soltei a frase:
- Não estou bem! Estou com fome acumulada.
Sim, a fome se acumulou! Nunca havia pensado nisso! Ela se acumulou como a água num balde e começou a transbordar junto com meu mal-humor e ranço do Instagram e das postagens das docerias que sigo e frequento (frequentAVA constantemente). Fui apagando algumas como se isso fosse reduzir minha fúria e pensando no motivo para estar desse jeito, quando me lembrei de ter pulado uma refeição.
- Sabia que fome se acumulava!
Acumula como a gordura na barriga ou as celulites nas pernas, mas o efeito é mais imediatista. Essa é a única diferença. Compreendendo isso, fiz um prato lindo de saladas e comi um pote de pipoca feita sem óleo e a paz se restaurou em minha mente.
Lição de vida: tudo que se acumula nos faz mal… Serve para guarda-roupa entulhado, papéis guardados, problemas não resolvidos e para a fome…
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista e Escritora