Um homem armado avançou com um caminhão contra uma multidão que celebrava a festa da Queda da Bastilha em Nice, na Riviera francesa, e matou pelo menos 84 pessoas em um ataque classificado pelo presidente François Hollande de “terrorista”. O motorista, que durante dois quilômetros avançou semeando caos e morte, foi identificado como um franco-tunisiano de 31 anos, morador de Nice. Seus documentos foram encontrados no veículo.
O caminhão branco avançou em alta velocidade pelo Passeio dos Ingleses, a avenida costeira de Nice, para onde centenas de pessoas se dirigiram para presenciar os fogos de artifício por ocasião do aniversário da Queda da Bastilha. O veículo de 19 toneladas avançou por dois quilômetros, atingindo as pessoas pelo caminho, até o motorista, que tinha uma arma e atirou várias vezes, ser abatido pela polícia. A banalidade do modo operacional – um caminhão como única arma – e o fato de várias crianças figurarem entre as 84 vitimas, assustou.
Várias horas depois do ataque, o caminhão branco permanecia parado em frente a um luxuoso centro hoteleiro, com seus pneus perfurados por balas e a porta direita repleta de marcas de tiros. Uma fonte policial disse que o veículo havia sido alugado na região há alguns dias. As autoridades também fizeram um apelo urgente para que as pessoas doem sangue. O “caráter terrorista” do ataque é inegável, disse em um discurso televisivo o presidente Hollande. O chefe de Estado também advertiu que, apesar dos ataques, a França “reforçará sua ação na Síria e no Iraque”, países onde combate os terroristas do Estado Islâmico (EI). O estado de emergência, que deveria terminar em quinze dias, foi prolongado por três meses. Este regime, decretado após os atentados de 13 de novembro, facilita as operações policiais e a prisão domiciliar de suspeitos.
Este é um dos atentados mais sangrentos cometidos na Europa nos últimos anos. No dia 13 de novembro passado, suicidas do grupo extremista Estado Islâmico (EI) mataram em Paris 130 pessoas, 90 delas na casa de shows Bataclan. Antes destes atentados, a França já havia sido atingida pela violência terrorista nos ataques de janeiro de 2015 contra a revista satírica Charlie Hebdo e um supermercado kosher, que deixaram 17 mortos e que foram seguidos por vários outros ataques e tentativas.