Parentes e amigos de Shinzo Abe prestaram homenagem nesta segunda-feira (11) em Tóquio ao ex-primeiro-ministro japonês assassinado na sexta-feira (8) quando fazia um comício no oeste do Japão.

A homenagem aconteceu um dia depois da vitória da coalizão de governo nas eleições para o Senado, o que consolidou sua maioria na Câmara Alta. A votação aconteceu dois dias após o assassinato de Abe, atingido por dois tiros durante um comício.

O carro fúnebre com o corpo de Abe chegou ao templo Zojoji na tarde de segunda-feira para o funeral com a presença de autoridades empresários.

Mais cedo, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, também homenageou o ex-premiê japonês, que chamou de “homem de visão”. Blinken, que já estava na Ásia, fez uma visita não programada ao Japão para expressaras condolências dos Estados Unidos.

Blinken entregou ao primeiro-ministro japonês Fumio Kishida uma carta do presidente americano, Joe Biden, destinada à família de Abe.

“Quando um amigo está sofrendo, o outro amigo aparece. Abe fez mais do que qualquer outra pessoa para elevar a relação entre Estados Unidos e Japão”, disse Blinkien, que chamou Abe de um “homem de visão com a habilidade de concretizar esta visão”.

A ‘seita Moon’

O acusado pelo assassinato, Tetsuya Yamagami, de 41 anos, está detido e declarou aos investigadores que atacou Abe porque acreditava que o político estava vinculado a uma organização religiosa.

A mãe de Yamagami é integrante da Igreja da Unificação, confirmou nesta segunda-feira a organização, também conhecida como Seita Moon.

A imprensa japonesa afirmou que a família de Yamagami sofreu problemas financeiros após doações de sua mãe ao grupo religioso.

Yamagami queria obter vingança de uma “organização”, segundo informações divulgadas na sexta-feira, mas o nome da entidade só foi revelado nesta segunda-feira.

O atirador acreditava que Abe tinha vínculos com este grupo.

“A mãe do suspeito Tetsuya Yamagami é membro de nossa organização e tem participado de nossos eventos uma vez por mês”, declarou Tomihiro Tanaka, presidente da Igreja da Unificação no Japão, em uma breve entrevista coletiva em Tóquio.

Tanaka não revelou detalhes das doações da mãe do acusado, alegando que uma investigação policial está em curso e com a qual a organização deseja “cooperar”.

Ele afirmou que a igreja está horrorizada com o assassinato “selvagem” e que Abe “nunca” foi um de seus membros ou conselheiro.

As informações sobre Yamagami incluem várias especulações, incluindo a de que teria passado três anos na Marinha japonesa. Outra afirma que ele assistia vídeos no Youtube para aprender a fabricar armas caseiras como a utilizada no ataque.

Abe morreu depois de ser baleado na sexta-feira no momento em que discursava em um comício em Nara (oeste do Japão).

Vitória eleitoral

Durante as eleições para o Senado no domingo, que aconteceram apesar da grande comoção nacional provocada pelo assassinato, o primeiro-ministro Kishida destacou a importância de mostrar que a violência não pode derrotar a democracia.

O governante Partido Liberal Democrata (PLD), ao qual Abe pertencia, e seus aliados do partido Komeito reforçaram seu poder e agora tem a maioria cômoda de 76 das 125 cadeiras da Câmara Alta, 10 senadores a mais que na legislatura anterior, segundo as projeções.

Antes do crime já se antecipava uma vitória governista. O resultado das urnas abre o caminho para grandes reformas, como uma emenda da Constituição, uma reforma que Abe tentou implementar quando era chefe de Governo para alterar o caráter pacifista que define o Japão e reconhecer as Forças Armadas.

O primeiro-ministro Kishida afirmou que a maioria representa uma oportunidade de “proteger o Japão” e consolidar as conquistas do período Abe.

Kishida, que assumiu o cargo em setembro do ano passado, prometeu combater a pandemia, a inflação e as dificuldades provocadas pela invasão russa da Ucrânia.

Fonte: G1

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