GAFES INTERESSANTES –

Presidente da Academia Alagoana de Letras

“Ah, Rostand, mas agora você só escreve sobre aventuras desse tal de Jesualdo”, dirão alguns leitores. Ora, mas acontece que ele de uns tempos para cá, resolveu me contar os seus segredos, e cada vez mais me sinto impressionado com suas peraltices.

E não é que ele me ligou novamente, dessa vez para falar que resolveu viajar ao exterior. Quis começar logo por Londres, a Terra da Rainha. Até então, a maior distância que percorrera fora em voo rasteiro até Piranhas, nas margens do Rio São Francisco de onde desejava conhecer a grota de Angicos, na qual mataram o Rei do Cangaço.

Quando do seu retorno à Alagoas, Jesualdo telefonou para conversar, e falou duas ocorrências acontecidas no dia da chegada, que muito lhe marcaram.

Desembarcando no aeroporto de Heathrow, um taxi já o esperava para leva-lo até o centro da cidade onde possuía reserva em aconchegante hotel. Contando com o auxílio de um guia turístico que o acompanhava, o check in foi consumado sem demora, o cansaço era insuportável, ainda mais com a diferença de fuso horário.

Já nos aposentos, sua esposa resolveu tomar banho enquanto ele, com controle remoto na mão, tentava ligar a televisão, sem êxito. Depois de muito esforço, já perdendo a paciência, resolveu ligar para a recepção, em vão, pois não entendia nada o que escutava.

Decidido em assistir programas na TV, tornou a se vestir e compareceu ao balcão de informações do estabelecimento. Ele, falando o legitimo portunhol “made in Coité do Noia”, sua terra Natal, enquanto o funcionário gastava o puro inglês britânico. Depois de muito esforço para se entenderem, pareceram as dúvidas serem dirimidas. Retornando ao quarto, com o controle nas mãos, nada aconteceu. A tela continuava preta.

Já agoniado, compareceu a portaria, dessa vez já quase gritando para expor o acontecido, enquanto a sua esposa, que descera com ele, segredava em seu ouvido: “fale baixo Jesualdo, o rapaz não é surdo, ele só não está entendendo o que você fala”.

Após muita troca de gestos, o funcionário optou por acompanha-lo ao quarto, para verificar o problema, que foi facilmente resolvido: Jesualdo estava tentando ligar a TV usando o controle remoto do ar condicionado. Envergonhado, depois de tanta confusão aprontada, viu o servidor deixar seus aposentos com sorriso maroto na face.

Para esfriar a cabeça resolveu tomar banho. Na hora do jantar Jesualdo falou: muito estranho o shampoo daqui, quase não faz espuma. A esposa questionou qual o frasco que ele tinha usado. Tirada a dúvida comentou: não ia fazer mesmo… você usou o meu sabonete íntimo, uma solução de água e antisséptico recomendado só para mulheres.

Jesualdo quase morre. Vítima de duas gafes tremendas em menos de doze horas em chão londrino, preocupava-se com o que estava por vir. E para encerrar, pediu por amor a Deus que eu não contasse a ninguém. Para confirmar a minha discrição, somente estou escrevendo. Para não esquecer.

 

 

Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras

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