GATTOPARDO –
O leopardo (panthera pardus), conhecido na Itália como Il gattopardo, é o felídeo com a mordida mais feroz do reino animal, superior às dos leões e tigres, razão pela qual, também, era sua representação indicativa de proteção na arquitetura antiga.
Na Piazza di San Marco, em Veneza, vamos encontrar a coluna encimada com um leão alado com um livro, a representar a visão protetiva de um felino ao seu gentio.
Se o livro estivesse aberto, significava que a dominação teria ocorrido de forma mansa e pacífica. Caso contrário, o livro estaria fechado, simbolicamente.
A propósito, o livro Il Gattopardo, de autoria de Giuseppe Tomasi di Lampadusa, meu conterrâneo siciliano, romance considerado uma obra prima da literatura mundial, navega pelos meandros do poder e suas alterações societárias, temporais, a demonstrar que a mutabilidade do poder é algo irreversível.
Lapidar é a frase de alinhamento maquiavélico, quando afirma: “Tudo deve mudar para que tudo fique como está”.
O livro inicia com o fim da oração da Ave Maria num antagonismo estoico, finalista,
assim, quando os aristocratas sicilianos prenunciaram a ruptura de sua supremacia, com a chegada de Giuseppe Garibaldi: “nunc, et in hora mortis nostræ. Amen.” (Agora e na hora da nossa morte. Amém.) Aristóteles afirmava: “A mudança é desejável em todas as coisas.”
Confúcio ensinava: “Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas.”
Sigmund Freud foi taxativo: “A mudança acontece quando a dor de mudar é menor do que a dor de permanecer o mesmo”.
George Bernard Shaw, por sua vez, ensinava: “É impossível progredir sem mudanças e aqueles que não mudam suas mentes não podem mudar nada.”
Finalmente, Winston Churchill orientava:”Melhorar é mudar. Ser perfeito é mudar com frequência.”
Os romanos diziam mutatis mutandis (mudando o que tem de ser mudado).”
José Carlos Gentilli – Escritor, membro da Academia de Ciências de Lisboa e Presidente Perpétuo da Academia de Letras de Brasília