Carlos Alberto Josuá Costa

Assistindo a apresentação de Zélia Ducan, no Canal Brasil, ao anúncio da música “Por Isso Corro Demais”, de Roberto Carlos, com novos arranjos, retomei o desejo de escrever algo sobre “Chegada”.

Sim, chegada no sentido de  “estar ali”, chegar de corpo e alma.

Uma situação vivenciada tempos atrás é o mote: Após um dia de trabalho gratificante (para mim sempre foi assim), ao abrir o portão de casa, a cadela “Xuxa”, dálmata, explodiu de contentamento, expressão esta, manifestada pelo movimento desenfreado de sua cauda.

No entanto ao entrar em casa, cada um dos humanos, nos seus afazeres e reclusões, mal levantaram a vista para distinguir quem chegara: eu ou um estranho.

Claro, que não me deixei contaminar e fui dando um “alô” e um “tudo em ordem”, tal como um jato d’água, para despertá-los. Talvez, se não fosse escolado pela vida, teria saído de fininho e repetido tantas “chegadas”, até surgir algum sinal de manifestação: “Oba! Chegou ele!”.

“Chegar” é uma dádiva de Deus para cada um de nós. Você já reparou a expectativa que gera a espera por uma “chegada”? Seja o dia da viagem, o do casamento, o de ir para o jardim de infância, o colégio, a faculdade, seja o dia do encontro com a namorada, o dia do futebol, o de mudar de casa, o dia que a revista estará nas bancas, o da formatura, o da festa, o da palestra, o dia do show, o dia do aniversário, o do nascimento do filho, do neto, seja o dia de receber os amigos em casa, o dia de assumir o emprego, o de festejar aquela realização, o de se dedicar a uma causa nobre, seja o dia de ajudar, enfim seja qualquer dia de “chegada”.

Um detalhe sutil e significativo para quem chega, é saber que na reta de chegada, tem alguém com o coração estendido nos braços e sorrisos na alma para recebê-lo.

É muito gratificante! É como ancorar o barco da amizade na vastidão do amor.

Ser aceito, não é simplesmente uma necessidade do ser humano. É a plenitude divina que faz do homem à imagem e semelhança do Criador.

É tão reconfortante que, igualmente, contagia de alegria quem chega e quem acolhe. É um momento único e tão significativo que, mesmo que tenhamos uma segunda “chance”, a emoção não terá a mesma intensidade daquele momento.

Preste atenção quando alguém (em qualquer dimensão) se aproxima e vislumbra a “chegada”, quantos anjos estão ali aplaudindo e vivendo conosco o momento de “romper” a fita dourada.

O que precede a chegada é a própria jornada, que trás na bagagem, o esforço e o desejo de atingir o objetivo. Para que isso aconteça de forma estruturada, mesmo inconscientemente, necessário se faz “pausar” nas estalagens que nos acolhem na trajetória. “Estalagens” da compreensão, da aceitação, do respeito, do incentivo, do ouvir, do chorar juntos, do sorrir com o outro, do entender razões e decisões, do dar as mãos, enfim do valor pela vida. Resumindo: chegar junto!

Precisamos estar atentos, pois em cada um desses “abrigos provisórios”, apenas devemos receber o bálsamo para continuar a jornada a que nos propomos.

Saber onde estamos e aonde queremos chegar, dará sentido a nossa caminhada, e de forma particular, nos encherá de força, garra, coragem para superar os obstáculos e vivenciar o gosto bom da chegada.

Nesse conjugar de emoções, não podemos tornar insignificante a bênção de Deus nas “chegadas” que ocorrem em nossa vida.

Mesmo que demoremos a prosseguir ao ponto de chegada, não devemos arrastar pelo resto da vida o sentimento de perda de tempo, de que tudo foi em vão, de não ter aonde chegar. Não é isso que Deus espera de nós.

Precisamos chegar e ser recebidos com alegria. Se assim não for, o que diremos aos que virão atrás de nós?

Acolher com amor aos que já chegaram e aos que estão a caminho, nos fará tão feliz quanto eles.

Lembremos que a “chegada” é transitória, pois quando estivermos lá, com certeza descobriremos que ainda precisamos prosseguir.

Façamos, pois, de nossa chegada – qualquer que seja ela, uma oração de agradecimento ao Senhor. E que cada chegada, sirva de estímulo para uma nova partida.

“Tá perto, vovô?” Tá sim Lucas, resta apenas superar aqueles segundinhos da inércia e despontar na linha de chegada.

“Graças a Deus, ele(a) chegou”, é ou não um estado de paz em nosso coração?

Carlos Alberto Josuá Costa, Engenheiro Civil e Consultor (josuacosta@uol.com.br)

 

 

Ponto de Vista

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