O governador João Doria (PSDB) prorrogou a quarentena em todo o estado de São Paulo até o dia 31 de maio. O anúncio foi feito no início da tarde dessa sexta-feira (8) em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, na Zona Sul da capital paulista.
“Teremos que prorrogar a quarentena até o dia 31 de maio. Queremos, sim, em breve, juntos poder anunciar a retomada gradual da economia como, aliás, está previsto no Plano São Paulo. A experiência de outros países, e nós temos utilizado essas experiências aqui, mostra claramente o colapso da saúde e, quando isso acontece, paralisa tudo”, disse Doria.
Doria defendeu que a flexibilização das medidas restritivas, neste momento, prejudicaria não apenas o sistema de saúde, mas também a própria recuperação econômica do estado.
Com a decisão, permanecem autorizados a funcionar apenas serviços essenciais. A ampliação do isolamento se deve ao aumento do número de casos e mortes em razão do coronavírus.
Atualmente, são 3.416 óbitos confirmados por exame laboratorial, um aumento de 7% em relação aos números de quinta-feira (7). O número de casos confirmados no estado é de 41.830, valor 5% superior ao registrado na quinta.
“O medo é o pior conselheiro da economia, prejudica o consumo, afugenta investimentos e ataca os empregos. A quarentena, felizmente, está salvando vidas em São Paulo e em outros estados brasileiros. Pessoas que poderia ter adoecido e falecido estão em vida e agradecendo por estarem vivendo e convivendo com seus familiares e desfrutando ainda a vida”, defendeu o governador, durante anúncio feito nesta tarde.
O governo buscava entre 50% e 60% para iniciar a flexibilização da quarentena, mas as autoridades de saúde apontam que a taxa ideal seria de 70%. O estado nunca chegou ao valor ideal, sendo as maiores taxas de 59% sendo registradas apenas em domingos.
Nas últimas 24 horas, dez novas cidades do estado registraram casos de coronavírus. A propagação cresce quatro vezes mais rapidamente nas cidades do interior e do litoral do que na Grande São Paulo, segundo dados do governo.
A administração estadual acredita que até o final de maio, todas as 645 cidades do estado terão casos confirmados da doença.
A razão da crise econômica é a pandemia, e não o contrário, defendeu o secretário estadual da Fazenda e Planejamento, Henrique Meirelles. “O isolamento social, distanciamento, que estamos chamando de quarentena, ele tem como finalidade é combater o mais eficazmente possível a contaminação e, consequentemente, beneficia a economia”, disse o secretário.
O coordenador da plataforma de testes para coronavírus, Dimas Covas Tadeu disse que o relaxamento do isolamento social só será possível mediante redução sustentada de novos casos pelo período de 14 dias, como foi feito pelos EUA, Alemanha, Áustria e Nova Zelândia, além de taxa ocupação de leitos de UTI inferior a 60%.
Na quarta (6), Doria decretou luto oficial em todo o estado de São Paulo após o número de mortes ultrapassar três mil.
Desde o início da pandemia, o estado de São Paulo se mantém no epicentro da doença no país. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o distanciamento ainda é a medida mais eficaz para evitar a propagação da Covid-19.
Em 22 de abril, Doria chegou a anunciar a proposta de reabertura gradual da economia no estado a partir de 11 de maio e afirmou que os detalhes só seriam divulgados nesta sexta.
A decisão de manter a quarentena foi balizada pelo Centro de Contingência da Covid-19, que é liderado pelo infectologista David Uip.
De acordo com balanço divulgado nesta quinta (7), as Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) do estado de São Paulo operam com taxa de ocupação de 70%.
Na Grande São Paulo, a lotação é ainda maior: 90% dos leitos deste tipo estão ocupados na região metropolitana, segundo dados oficiais divulgados nesta quinta. Na quarta-feira (6), a ocupação era de 86,7%.
Em coletivas mais recentes, o governador disse que não iria flexibilizar se as cidades que não atingissem o índice mínimo de 50% (o ideal é 70%), outro dado utilizado para analisar que cidades poderiam ter condições de reabrir o comércio e outras atividades econômicas não essenciais. Na quarta-feira (6), a taxa de isolamento social no estado e na capital estavam em 47%.
E poucos cidades conseguiram manter uma média acima do índice mínimo exigido. São Sebastião e Ubatuba, no litoral, estariam nesse grupo.
A um dia do anúncio previsto nesta sexta sobre quais cidades poderiam flexibilizar a quarentena no estado, o governo paulista classificou o risco de contágio pelo coronavírus como grave e preocupante nas regiões da Grande São Paulo, Campinas, no interior, e Baixada Santista, no litoral.
A medida de flexibilização do isolamento social devido ao coronavírus deve ser feita em etapas, com autorizações específicas para cada região do estado, de acordo com o avanço da doença.
A região metropolitana de São Paulo tem 39 cidades, a Baixada Santista, 9, e a região de Campinas, 24.
Os “números” a que o titular da pasta do Desenvolvimento se referiu são dados estatísticos que poderiam indicar se os municípios dessas três regiões têm condições de relaxar o isolamento social e, dessa maneira, poder reabrir gradualmente o comércio local e outras atividades econômicas.
Ao todo, o estado possui 15 regiões metropolitanas. Cada região tem um número diferente de municípios em torno de uma cidade maior.
O documento do STF que registra o recebimento do material informa que o HD entregue pelo governo apresenta “inteiro teor, sem qualquer edição”.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento, São Paulo, Campinas e Santos “são regiões que a gente registra um risco importante” em razão do aumento nos números de mortes e casos devido à doença.
“A região metropolitana de São Paulo tem tido um crescimento grande”, justifica Vinholi.
“A região de Campinas também é uma região [que preocupa]. Pela proximidade com São Paulo, pela aceleração, por todos os dados é uma região que tem um impacto importante também”, comenta o secretário.
“Posso registrar a preocupação grande com a Baixada Santista, além de ter tido um crescimento de 272% [no número de casos da doença] do período de março e queda na taxa de isolamento social, tem uma população acima de 60 anos maior que a média estadual”, fala Vinholi. “Grupo de risco é maior e é uma região preocupante.”
O plano de flexibilização foi chamado de “Plano São Paulo”. Ele foi anunciado no dia 22 de abril começaria a funcionar a partir de segunda-feira (11).
Além de classificar os municípios e regiões por zonas de cores (Vermelha, Amarela e Verde), o governo estadual passou a analisar o desempenho deles por meio de índices como, por exemplo, o da taxa de isolamento social acima de 50% (ela é medida pelo deslocamento dos celulares da população).
Desde 24 de março o estado está em quarentena, com decretos que estabeleceram regras rígidas, como a permissão somente para os serviços essenciais (saúde, transporte, alimentação etc) funcionarem. Atividades não essenciais (lazer, turismo e entretenimento entre outros) estão proibidas de abrir.
Os critérios de classificação das zonas no “Plano São Paulo” são os seguintes:
Além de São Paulo, Campinas e Baixada Santista, outras regiões do estado também merecem atenção do governo, segundo Vinholi.
“O que apresentou para nós a semana inteira são dados impactantes em todo interior do estado também”, afirma o secretário sobre o aumento dos óbitos e de doentes. “Com essa aceleração nós identificamos um momento de alerta para todo estado”.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento, mais de 370 cidades do estado têm casos de coronavírus e aproximadamente 170 delas registraram mortes pela doença.
Fonte: G1
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