GRANJA, NUNCA MAIS –
Na década de 1960, era comum os moradores de Natal, desfrutarem de uma segunda opção de moradia. O objetivo maior, era ter um lugar de recreio, de laser, principalmente para quem tinha filhos menores. É bom relatar e ressaltar: não existiam assaltos. Eram as granjas, conhecidas na região Sul e Sudeste como chácara. Muito chic! As áreas escolhidas eram sempre próximas a capital: Parnamirim, Macaíba,
São Gonçalo, Extremoz, São José de Mipibu e adjacências.
Dentro e ciente desse pensamento, adquiri um terreno em um bom loteamento próximo aos municípios de Parnamirim e Macaíba. A área adquirida, media mil metros quadrados, em terreno plano e bem próximo à estrada (pista) principal. Montei a infraestrutura, construí duas casas, uma piscina, perfurei poço tubular, instalei energia e plantei muitas fruteiras. Foi um rasga rasga de dinheiro danado.
Na época, não existia furtos, roubos nem assaltos. A tranquilidade reinava no ambiente.
Foram vários anos de bem estar com a família.
Consegui organizar e curtir uma bela criação de frangos de corte. Um fato interessante: toda semana morria um galeto. Indagava ao morador, de que morreu? Respondia, Dr., só pode ter sido do coração: ele está bonzinho e de repente cai morto ( na panela). Grande cardiologista de frango!
Sempre ia com a família, passar o final de semana, para aliviar o estresse da cidade.
Consegui um morador que morava em São José de Mipibu, que cuidava com muito zelo e carinho o ambiente. Um bicho para trabalhar! Um santo de pessoa!
Passado algum tempo, o sonho bom se desfez. Em uma visita supresa no meio da semana , encontrei algumas garrafas de cachaça vazias e uma grande ossada de galetos espalhadas nas cercanias.
Meu bom morador passava a semana, até a sexta feira se “pingando” e saboreando um bom tira gosto de galeto assado na brasa. Quer melhor? Pensei, pensei e cheguei a conclusão mais correta, vender, e, assim fiz.
Granja, nunca mais, nem dada e nem em sonho!
Berilo de Castro – Médico e Escritor