Desde que chegou a Brasília, depois de receber um habeas corpus (HC) do Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro José Dirceu segue alvo de protestos nos arredores do seu apartamento, onde passou a morar com a mulher e a filha de 6 anos após deixar o presídio de Curitiba. Ontem, as manifestações embaixo do prédio do petista não movimentaram tanta gente, mas foram igualmente barulhentas. A decisão do Supremo dividiu opiniões entre os especialistas da área. Para a jurista Janaina Paschoal, autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, há um processo de “desmerecimento” da Lava-Jato. “Aparentemente, existe uma vontade de desconstituir o trabalho dos procuradores e da força-tarefa”, afirmou. Já o professor de direito da PUC-SP Luiz Guilherme Conci, por outro lado, disse não concordar com a maneira com que as prisões preventivas são usadas. “Claramente, as prisões preventivas no âmbito da Lava-Jato têm como objetivo desestabilizar o preso até que ele decida aceitar a delação. Esse não é o espírito da lei. A prisão preventiva no Brasil acabou criando uma máquina de encarceramentos”, afirmou.