HARMONIAS –
Sem harmonizar a vida não há felicidade.
A lírica Auta de Souza, em poema, cunhou a bela e desejada expressão “A pátria das harmonias”. Talvez pensasse na disposição organizada entre as regiões do Brasil. O justo equilíbrio, inclusive para o seu povo, que formasse uma unidade nacional.
Todas as manifestações de excelência na vida carecem, ou são condição, de harmonia. Assim a paz, a liberdade, a saúde, as artes, a beleza, a vida profissional, o relacionamento humano. Todas precisam do justo acordo entre as partes.
Pensadores e filósofos, desde a antiguidade, preocupam-se com o tema. O genial Pitágoras (séc. VI a.C.) considerava ser harmônico o movimento dos astros. Haveria mesmo uma música das esferas. Os esotéricos acreditam, nos nossos dias, que toda vida humana é controlada pelos astros. Entre outros instrumentos de convencimento, horóscopo orienta, decide o que deve fazer cada integrante dos signos.
Uma anedota explica bem. Conta-se que o culto deputado federal Djalma Marinho, todo dia, lia o horóscopo da “Tribuna do Norte”. Candidatou-se ao governo do estado concorrendo com Aluísio Alves. Agnelo Alves colocava no signo de Djalma coisas assim: “não viaje”, “perigo ronda os nascidos sob o signo de câncer”, “dia impróprio para reuniões” etc. E aí o deputado perdia comícios e apoios.
A saúde humana é absolutamente dependente da perfeita harmonia entre os doze sistemas do corpo. A enfermidade não é mais que desarmonia. A promessa dos nubentes, reveladora da inquebrantável união, fala sobre a solidariedade na saúde e na doença por todos os dias de sua vida.
A harmonia familiar ocorre quando há respeito ao jeito de ser dos outros membros da família, a aceitação das diferenças e quando, na maioria das vezes, o trabalho é feito em conjunto. A desarmonia familiar é tão mais preocupante quando se percebe que dela depende o destino do próprio país.
Na música, é essencial o todo harmônico, a bela relação dos acordes entre si e com escala. A simultaneidade das notas musicais na composição. Na pintura, a beleza estética reside na combinação das cores, da luz, das sombras dentro do estilo de cada artista.
A arquitetura exige a proporcionalidade, a correlação de formas e volumes dos exteriores e interiores. Para Oscar Niemeyer, o arquiteto das curvas, a essencialidade da harmonia que ele encontrava no Brasil: “Não é o ângulo reto que me atrai. Nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida”.
Um dia, o Brasil conseguirá ser a nação desejada por Auta de Souza, a pátria das harmonias. E o país será um luzeiro a conduzir os outros povos à harmonização da fraternidade.
Diogenes da Cunha Lima – Advogado, Poeta e Presidente da Academia de Letras do RN