HENRIQUE BRITO (1908-1935) –

No ano de 1920, em uma noite de concerto em Natal, no Teatro Carlos Gomes, hoje Teatro Alberto Maranhão, um garoto de apenas doze anos de idade apresentou-se como violonista, deixando toda a plateia entusiasmada, executando numa corda só as peças mais difíceis e variadas.             Entre os expectadores, estava o então  Governador do Estado, o Dr. Antônio José de Melo e Souza, que, vendo todo aquele potencial artístico musical do garoto, propôs à  família custear sua viagem e seus estudos na cidade do Rio de Janeiro.

O nome desse garoto: Henrique Brito. Nasceu em Natal, no 15 de julho de 1908, filho de Pedro Paulino de Brito e Maria Leopoldina Pereira de Brito (Dicionário da Música do Rio Grande do Norte, ano 2001, Leide Câmara).

A família aceitou a proposta e transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro. No Rio, foi estudar no Colégio Batista, no bairro carioca da Tijuca, onde conheceu Carlos Braga, o Braguinha. No colégio, mostrou de imediato que não “morria” de amores pelas  aulas. Não conseguia se afastar um só instante do seu estimado e querido instrumento —  o violão; daí ter recebido o apelido de “Violão”.

Irrequieto, de gênio esquisito, indiferente a cerimônias e etiquetas. Alegava constantemente “falta de ar”. Agia de maneira impensada, com atitudes imprudentes. Assim sendo, passou a ser chamado do  gênio Heinriqueto.

Conta Almirante, no seu livro “No tempo de Noel Rosa” — Editora Sonora, 2013, terceira edição/Rio de Janeiro —, o episódio de um  acidente fatal de um  colega do colégio por ele praticado de forma involuntária; momento antes tinha tentado contra a própria vida, numa brincadeira fazendo “roleta russa”, quando a arma não disparou.

Em 1928, criou com o seus amigos e parceiros, Braguinha e Alvinho (Álvaro Miranda), o conjunto musical Flor do Tempo, que um ano depois, em 1929, receberia mais dois componentes Almirante (Henrique Foréis)  e Noel Rosa (Noel de Medeiros Rosa), formando assim o conjunto o Bando de Tangarás: grupo de pássaros que dançam e cantam formando roda com um deles no centro; o regional revolucionou com sua criatividade sem precedentes a música brasileira na década de 1930.

Em 1932, fez parte do conjunto musical Brazilian Olympic Band, quando viajou para Los Angeles/EUA para se apresentar nos Jogos Olímpicos. Não voltou com o conjunto por pura artimanha criada na hora do embargue; permanecendo por mais de um ano nos EUA na ilegalidade.

De volta ao Rio, exibiu o primeiro violão elétrico, de sua legítima invenção;  projeto que havia sido rejeitado no Brasil pelos fabricantes de instrumentos musicais. Só que “dormiu no ponto” e foi garfado, quando apresentou o seu projeto a um fabricante da cidade de São Francisco/EUA, que aprovou e registrou a patente em seu nome. Em troca,  recebeu de lambuja,  do “sabido criador americano”, um violão elétrico.

Henrique Brito gravou na Parlophon, Odeon, Brunswick e Victor, entre os anos de 1929 e 1931, com um total de 27 melodias; fez parcerias em grandes sucessos com Noel Rosa: “Flor do tempo”, “Queixumes”, gravada inicialmente por Gastão Formenti e, em 1945, por Luiz Gonzaga; com João de Barro, Pedro Brito e outros grandes compositores.

Faleceu de septicemia no Rio de Janeiro, no dia 11 de dezembro de 1935,com apenas 27 anos, quando integrava a Orquestra da Rádio Mayrink Veiga.

 

Berilo de Castro – Médico, escritor, membro do IHGRN – [email protected]

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

2 respostas

  1. Sugestões para correção de informações sobre Henrique Brito.
    1 – Nunca deu concerto em Natal nem em lugar nenhum;
    2 – Nome do pai: Pedro Paulo (não Pedro Paulino) e Maria Leopolda (não Leopoldina);
    3 – Em que fonte está a menção a um seu apelido: Heinriqueto?
    4 – No incidente da morte de um colega: não tentou contra a própria vida e sim cometeu um ato de adolescente irresponsável;
    5 – Não foi o criador do conjunto Flor do Tempo. Noel Rosa nunca fez parte desse conjunto;
    5 – não fez parcerias com Noel Rosa: apenas uma composição: “Meu sofrer”, título mudado para “Queixumes”;
    6 – Flor do Tempo é apenas melodia, não tem letra, não foi parceria com Noel Rosa;
    7 – Como solista de violão gravou apenas na Parlophon e Brunswick (não na Odeon e Victor);
    8 – Pedro Brito, seu irmão, não foi compositor e sim letrista.
    9 – Como solista de violão gravou 15 composições;
    10 – Gastão Formenti gravou “Queixumes” com o título de “Meu sofrer”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *