As Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) e os prontos-socorros dos hospitais particulares de Natal registraram fila de pacientes nos últimos dias. A maioria deles com sintomas gripais, como tosse, dor de garganta, coriza e febre.
Nesta segunda-feira (27), muitas pessoas que buscaram atendimento passaram por uma saga até conseguir. Outras preferiram desistir. Essa dificuldade, devido à lotação das unidades, aconteceu nas unidades públicas e privadas não só de Natal, como também da Região Metropolitana.
Recentemente, Secretaria de Saúde do RN admitiu que o estado já vive um surto de síndrome gripal. Outros estados do país também estão passando atualmente por um aumento de casos de síndrome gripal neste período do ano. Na Região Metropolitana do Rio de Janeiro foi confirmada epidemia de gripe.
UPAs
Nas UPAs, a situação foi crítica durante toda esta segunda-feira, com enormes filas para atendimento. Pacientes relataram ficar de manhã até a noite para serem atendidos.
“Estou com febre, dor de cabeça, garganta inflamada, diarreia e vômito. Muitas pessoas passando mal. Chegaram duas crianças passando mal também. Está lotado. Do jeito que está fora, lá dentro está pior”, reclamou a servidora pública Maria da Guia.
Por conta dessa superlotação, algumas UPAs precisaram parar de receber novos pacientes em determinados períodos.
Na UPA Pajuçara, na Zona Norte de Natal, uma mulher que aguardava atendimento chegou a desmaiar na fila de espera. A paciente foi socorrida por outras pessoas e depois levada para ser atendida.
A unidade estava atendendo acima da capacidade e as pessoas se aglomeravam na sala de espera e no pronto-socorro. Às 9h, a direção da unidade não deixou mais ninguém entrar, segundos os pacientes que aguardavam.
Outra unidade que ficou lotada foi a UPA de Cidade Satélite. Um homem precisou ficar internado em uma poltrona durante toda a noite de domingo por falta de leito. Segundo os familiares, ele havia infartado.
Pacientes que desistiram do atendimento no domingo por causa da superlotação voltaram nesta segunda. Pela manhã, a situação era semelhante.
“Aqui tinha pra mais de 50 pessoas ao chegar. E algumas pessoas me informaram que o pessoal que chegou às 15h ia ser atendido às 20h”, reclamou o segurança Vágner Dias, que desistiu do atendimento na noite anterior.
Outro que também decidiu fazer o mesmo foi o aposentado Genildo Galvão. “Aqui fora tinha umas 30 pessoas. Na enfermaria estava lotado de gente. Superlotado”.
Na Região Metropolitana também teve lotação em UPAs no fim de semana. Em Macaíba, pacientes aguardaram horas por atendimento, a maioria também com sintomas gripais, segundo os profissionais da saúde.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS) informou que as unidades de pronto atendimento (UPAs) do município estão operando com lotação máxima. “Assim que chega na UPA, o usuário é classificado de acordo com o quadro clínico e segue ordem prioritária de risco para receber os cuidados. A SMS ainda esclarece que a rede de urgência e emergência do município deve ser buscada apenas em casos graves como falta de ar, sinais de infarto, febre persistente ou acidentes, por exemplo. O atendimento de casos leves pode ser solucionado em qualquer unidade básica de saúde da capital”.
Hospitais privados
A recepção do pronto-socorro do Hospital do Coração estava tão cheia que havia pacientes esperando do lado de fora.
Na Promater também havia pacientes e acompanhantes aguardando do lado de fora.
O hospital Antônio Prudente, do grupo Hapvida, também está superlotado de pessoas com sintomas gripais, segundo os pacientes. A unidade confirmou o crescimento de casos de síndromes gripais e disse que os pacientes com sintomas leves devem procurar o teleatendimento.
“Quando eu cheguei aqui, foi uma surpresa. Eu já tinha vindo aqui, mas não estava desse jeito”, observou a operadora de telemarketing Rayane Mayara.
Segundo o infectologista Glauco Viana, que atende em hospitais privados, a alta demanda pode ter relação com a nova cepa do vírus Influenza – H3N2. É preciso saber quando procurar os prontos-socorros, principalmente quando houver sintomas graves como falta de ar.
“A maioria dos pacientes tem sintomas leves, mas uma parte pode ter sintomas graves, principalmente se for em extremo de idade, como por exemplo crianças pequenas e idosos. Ou em pacientes que já tenham alguma doença de base, que são aqueles dos grupos de risco. Particularmente nessas populações pode ocorrer sinais e sintomas graves, como falta de ar, e esse paciente, sim, precisa procurar o hospital imediatamente”, explicou o médico infectologista Glauco Viana.
Em nota, a Hapvida informou que, “nas últimas semanas, no Rio Grande do Norte, houve um aumento nas consultas relacionadas às síndromes gripais, tanto adulto quanto infantil. Embora tenha tido um crescimento em consultas relacionadas às síndromes gripais, não houve aumento nas internações”.
A empresa informou ainda que disponibiliza para seus clientes a teleconsulta, que pode ser feita por vídeo, de qualquer lugar.
Fonte: G1RN