IHGRN: 120 ANOS –
O Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) foi fundado no dia 29 de março de 1902, portanto, emplacou na terça-feira passado 120 anos de existência. Trata-se de uma das entidades culturais mais antigas do estado, fundada durante o primeiro mandato de Alberto Maranhão como governador do Rio Grande do Norte.
Os Institutos Históricos e Geográficos funcionam como guardiões dos acervos documentais de grande parte das memórias colonial, imperial e republicana brasileira. São instituições privadas e sem fins lucrativos com a grande responsabilidade de preservar do esquecimento a história de cada unidade federativa do país.
O acervo do IHGRN é composto por documentos históricos, fotografias, telas, retratos, bustos, artefatos e livros resultado de doações públicas e privadas. Ali também se encontra uma Coluna Capitolina, supostamente, originária do Monte Capitolino, em Roma.
Tal coluna foi presente da Itália ao povo do Rio Grande do Norte, em agradecimento pela boa acolhida oferecida aos aviadores daquele país, Carlo del Prete e Arturo Ferrarin, quando da travessia pioneira do Atlântico realizada em 5 de julho de 1928. Esses pilotos, num voo de 49 horas sem escalas, percorreram mais de 7 quilômetros de Roma até a costa potiguar.
O fato de haver sido doada pelo ditador italiano Benito Mussolini foi considerada símbolo fascista durante a Intentona Comunista de 1935, sendo derrubada e quase destruída. O monumento foi tombado pela Fundação José Augusto e hoje é patrimônio histórico do Rio Grande do Norte.
Comandaram a instituição nos 120 anos de existência doze presidentes sendo o mais longevo deles Enélio Lima Petrovich, que ficou à frente do IHGRN por 48 anos. Na sequência cito todos eles:
Olympio Manoel dos Santos Vidal (1902-1910), Vicente Simões Pereira de Lemos (1910-1916), Pedro Soares de Araújo (1916-1926), João Dionysio Filgueira (1926-1926), Hemeterio Fernandes Raposo de Mello (1926-1928), Nestor dos Santos Lima (1928-1950), Aldo Fernandes Raposo de Mello (1959-1963), Enélio Lima Petrovich (1963-2011), Jurandyr Navarro da Costa (2011-2013), Valério Alfredo Mesquita (2013-2016) e Ormuz Barbalho Simonetti (2016-2022).
A “Casa da Cultura” do Rio Grande do Norte atravessa momentos difíceis, o que é lamentável considerando a importância que representa para a ciência estadual. Sem dispor de receita própria, sobrevive de emendas parlamentares esporádicas, anuidades dos sócios e, principalmente, da boa vontade, perseverança e abnegação de alguns voluntários que lutam para preservar o precioso acervo da Casa.
Tamanha escassez de recursos impede que o instituto seja aberto, regularmente, ao público em geral para consultas ao tesouro cultural de 140 mil títulos e visitas ao museu. É uma lástima admitir o que é dito de forma pejorativa: “O Brasil é um país sem memória”. Talvez, melhor seja acreditar no que diz o escritor Alberto Mussa: “Há país de menos para dar conta de suas memórias.”
O IHGRN agora está sob o comando de Joventina Simões Oliveira, a primeira mulher a presidir a instituição. Fica situado na Rua Conceição, 622, Cidade Alta, entre o Palácio Potengi e a Igreja Nossa Senhora da Apresentação, em Natal, a Terra do Sol.
José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro Civil
Lamentável o que ocorre com o Instituto Histórico.
Praticamente não existe divulgação do acervo cultural do Rio Grande do Norte. Muito boa a abordagem sobre o assunto.