IMC –
Lá vou eu fazer mais um exame de rotina. Primeiro, o que seria exame de rotina? Rotina de que? Rotina de continuar indo fazer os exames anual ou bianualmente procurando algo que não queremos ter e, para isso, procuramos saber se temos? Enfim! Lá vou eu para mais um.
A técnica me pesa e vejo um número na balança tão redondo quanto o meu rosto no espelho. Ela me mede e pede para eu me sentar. Por curiosidade pergunto minha altura e, surpresa, descubro que diminuí três centímetros nos últimos anos. Logo pensei que devia ter me esticado mais, ter posto o peito para fora e o bumbum para dentro e, neste processo de empinamento talvez eu recuperasse um ou dois centímetros. Entretanto, enquanto a máquina passava bipando sobre mim diversas vezes indo e vindo e eu ouvia a repetição quase hipnótica da técnica me pedindo para ficar parada, meus pensamentos ficaram mais claros.
Com a idade fica cada vez mais difícil nos sentirmos saudáveis. São tantos exames periódicos, tantas especialidades médicas a visitar, tantas medicações e suplementos para ingerir! O metabolismo se torna mais lento, o sono se torna mais leve, o intestino se torna mais rebelde. E, como se não bastasse, o peso aumenta na mesma velocidade que a altura diminui, resultando em um IMC cada vez mais distante do ideal. Talvez, só talvez, fosse a hora dos médicos criarem um IMC pós-45! Um que considere nossa redução de altura e aumento de largura compatível com a vida e suas angústias…
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, Escritora e autora do “Diário de uma gordinha”