O panorama de crescimento econômico, de desenvolvimento social de um país se observa também pela avaliação constante de que são objetos os seus vários segmentos. O sistema educacional brasileiro, por exemplo, está indo muito bem no que toca às suas atividades de avaliação. A ministração das aulas é muito ruim, como o é também o aprendizado da parte dos alunos, mas um bom instrumento para melhorar a situação o governo está utilizando: medir o sistema, mesmo que os resultados sejam dolorosos. De vez em quando, a opinião pública brasileira é bombardeada pelos resultados, positivos ou não, que surgem de tais elementos de medição. É o Ideb, é o Enem, e o Eanes, o Provão, o Simuladão, etc, etc. Da mesma forma, em se tratando de desempenho econômico, os diversos institutos de pesquisa também trombeteiam as maravilhas ou desacertos que as políticas governamentais estão fazendo junto ao público.
No plano internacional a coisa também é levada bastante a sério. Hoje, já se mede o índice de desenvolvimento social alcançado por um país, cotejando-o rigorosamente com o índice de desenvolvimento econômico. Isso é feito para se analisar a questão da distribuição de renda, da qualidade da prestação dos serviços públicos, etc, etc. Até a corrução passou a ser medida. Já existem, para efeitos internacionais, instrumentos que indicam se um país, no contexto global de suas instituições, é muito corroído ou pouco corroído pelo câncer da corrução. Tudo isso é muito bom – e tem trazido resultados extraordinários para o desenvolvimento de atividades anteriormente relegadas a planos secundários nos planejamentos dos governos. Entretanto, até os dias atuais, não existe um índice que meça a moralidade dos homens públicos, que indique, principalmente, o caráter positivo ou negativo dos parlamentares em suas várias latitudes.
Pois, se tal índice de moralidade fosse implantado, o Brasil, com certeza, ascenderia a uma das piores (ou melhores?) posições. Seria, digamos assim, um campeonato mundial da safadeza parlamentar. Para tal competição, nossa seleção seria imbatível. Quem, por exemplo, seria escalado para o gol? Nessa posição teríamos ótimos atletas. Políticos e parlamentares que costumam segurar o andamento do jogo, impedindo a investigação dos fatos. Que tal Renan Calheiros, Edison Lobão, Romero Jucá e Fernando Collor? Mesmo que um deles fosse ungido para titular do gol, os demais dariam um excelente banco de reservas. Para o cargo de técnico poderíamos indicar o bem sucedido José Sarney. Quem melhor do que o bem sucedido Sarney para instruir o elenco a atacar e defender da forma mais vantajosa possível? Afinal, não é o Maranhão o estado mais pobre do Brasil, apesar da dinastia Sarney dominá-lo por mais de 40 anos?
Da defesa para o ataque, passando pelo meio de campo, os nomes do catálogo seriam abundantes e fartos. Dor de cabeça para escalar o melhor time o técnico, com certeza, não teria. Imagine ter à sua disposição, para tal empreitada, atletas do porte de Mentor, Nogueira, Argôlo, Negromonte, Maranhão… Isso sem falar num bloco especial, já treinado e experiente nesse tipo de escaramuça, o dos mensaleiros. O técnico, inclusive, poderia até se dar ao luxo de deixar de fora, para efeito de escalação, competentes jogadores da bancada dos lavadores de dinheiro sujo; dos sanguessugas; dos trambiqueiros do imposto de renda; dos que têm contas particulares pagas por executivos de empreiteiras; dos que têm campanhas financiadas por bicheiros, estelionatários e assassinos; dos que praticam nepotismo escrachado… Ufa! Que elenco, que seleção! Já pensou a repercussão internacional? Viva a seleção dos safados nacionais! Viva!!!
Públio José – jornalista