Donald Trump adentra o tribunal de Manhattan com título de primeiro ex-presidente americano indiciado da História dos EUA, mas ainda mais fortalecido pela base republicana. Desde que o grande júri o transformou em réu, na semana passada, suas chances para assegurar a candidatura do partido à Casa Branca se ampliaram, assim como a arrecadação de fundos para a campanha.
A primeira pesquisa realizada após o indiciamento mostrou que Trump bateria o governador da Flórida Ron DeSantis, com uma vantagem de 26 pontos percentuais (57 a 31), em um confronto nas primárias republicanas.
Há duas semanas, a diferença era de apenas 8 pontos, de acordo com a sondagem Yahoo News/YouGov. A indignação fez seus partidários doarem US$ 8 milhões para a campanha nos últimos dias.
Isso explica o pronunciamento, com viés de comício eleitoral, que o ex-presidente planeja fazer ao desembarcar na Flórida, logo após ouvir as acusações criminais que pesam contra ele em Nova York. Será o primeiro discurso como réu, condição incorporada à campanha para obter a indicação do Partido Republicano.
Mais uma vez, Trump conseguiu aglutinar o partido ao seu redor às custas de um escândalo. Concordando ou não com o indiciamento, lideranças republicanas não tiveram outra alternativa a não ser apoiar Trump e vilanizar o promotor Alvin Grabb pelas acusações criminais sobre um suposto suborno à ex-atriz pornô Stormy Daniels.
O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, exaltou o caráter injusto da decisão do grande júri e o abuso de poder do promotor democrata. O governador DeSantis seguiu o mesmo argumento. Chamou o processo de antiamericano e ameaçou manter seu principal adversário na Flórida em um possível processo de extradição.
Como resumiu o senador Ted Cruz em seu podcast “Verdict”, o indiciamento foi um presente político para Trump. Para a sua base, pouco importa o teor das acusações que serão reveladas esta tarde pelo tribunal: o ex-presidente permanecerá ilibado, tachado como inocente e injustiçado.
Fonte: Blog da Sandra Cohen/G1