INESQUECÍVEL E FELIZ ANO VELHO –
O dia amanhecera ensolarado em Porto de Galinhas, para onde me deslocara com a família para os festejos do Reveillon 2018. Ao olhar a artéria pública, a primeira imagem que me veio à retina foi a de uma criancinha brincando. Há muitos anos, meu avô materno me ensinara que teríamos uma jornada de sorte, caso a visão inicial do novo ano fosse de uma pessoa de pouca idade. Nunca esqueci aquela crença popular.
Dois mil e dezenove ratificou a experiência daquele homem a quem tanto amei e em cuja solidez de caráter procuro inspirar meus atos. Foi um ano repleto de lições, durante o qual muito aprendi, como por exemplo:
A respeitar mais o cotidiano, mesmo convivendo com uma realidade que muito se assemelha à dos tempos da Torre de Babel, quando ídolos de pés de barro, estruturados em prerrogativas momentâneas, saqueiam a liberdade existente no coração dos homens, tornando-os prisioneiros de suas próprias fraquezas e modificam paisagem, poluem rios, extirpam vidas, assassinam o futuro de uma geração, única e exclusivamente por egoísmos pessoais;
A encontrar a realização em gestos simples, embora extremamente significativos. Os primeiros passos de Gabriel meu anjo, a colação em Doutor do ABC de Beatriz minha flor, o sorriso constante de Leticia minha alegria, a companhia de Arthur meu rei e Leo meu céu, nos jogos do CSA, cinco netinhos queridos para os quais não consigo colocar em palavras o amor que sinto por cada um;
A ser complacente com os tristes e caloroso fã dos jubilosos, sabendo que deles depende o futuro da humanidade;
A escolher, com mais rigor, minhas convivências do dia a dia respeitando, de forma mais contundente, os recalcados e procurando estabelecer minhas vontades, sem ferir suas dores. Busquei a solidariedade, consciente de que a convivência nas comunidades atuais muito difere daquela com a qual me deliciei em minha infância e juventude, quando vizinhos eram amigos e amigos eram quase parentes;
A amar mais minha família. Tendo-os a meu lado, sinto-me seguro e sei que a alegria nada mais é que a tristeza desmascarada, este sentimento que, quase sempre oriundo das fraquezas da alma, não merece ser valorizado, por ser inerente ao homem, sendo o livre arbítrio uma fundamental ferramenta na opção pela felicidade.
Hoje, vivenciamos os últimos momentos de dois mil e dezenove. Ano para ser registrado nos anais do regozijo, onde se, infelizmente, alguns sonhos não foram materializados, em aspecto macro, nele aconteceu de tudo um pouco. Mais sucessos, alegrias e realizações. Se a cor de prata se estabeleceu com mais firmeza em meus cabelos, com exercícios, o fortalecimento da saúde contrabalanceou o simbólico enfraquecimento dos músculos.
Logo mais já será dois mil e vinte. Feliz é quem entende a vida como um permanente aprendizado, e, desta forma, compreende a profundidade das palavras de Kalil Gibran, quando afirmou: “homem algum poderá revelar-vos senão o que já está meio adormecido na aurora do vosso entendimento”. Feliz Ano Novo.
Alberto Rostand Lanverly – Presidente da Academia Alagoana de Letras