Se a chuva não melhorar o volume dos reservatórios em São Paulo e se o consumo continuar no nível atual de 20 m³/s (metros cúbicos por segundo), em três ou no máximo quatro meses haverá colapso no abastecimento do Estado. O “preocupante” diagnóstico, segundo apurou a reportagem, é do governo federal, que pretende ampliar a ação na crise hídrica. O primeiro passo foi anunciar ontem a aceleração da obra de transposição do Paraíba do Sul proposta pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) para reforçar o Cantareira.
A análise da crise foi feita em reunião realizada no Planalto, na tarde de ontem, comandada pelo ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, com seis ministros, quando se avaliou a situação crítica dos Estados de São Paulo, Minas e Rio. Cada um desses ministérios estudará propostas para serem apresentadas em uma próxima reunião no Planalto, na quarta-feira.
Segundo apurou a reportagem, o governo avaliou também os impactos da forte estiagem, por exemplo, na irrigação, que poderá atrapalhar a produção agrícola e até a indústria, trazendo prejuízos ao País. Até um planejamento de redução de fornecimento de água, em caso de agravamento da crise, foi tratado no encontro. Há uma decisão, no entanto, que hospitais e residências serão preservados. Caso haja necessidade de escalonamento de consumo, uma das medidas poderia ser readequação de horários de aula e até suspensão, em último caso.
Com as futuras propostas aprovadas pela presidente, o governo federal vai chamar os governadores dos três Estados para que apresentem os planos de contingência de que dispõem para, juntos, construir uma ação para diminuir os prejuízos à população. Como medida preventiva, o governo federal anunciou a inclusão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de uma obra que promete aumentar a disponibilidade de água no Sistema Cantareira e beneficiar a região metropolitana de São Paulo.
O projeto de transposição da bacia do Paraíba do Sul para o Sistema Cantareira tem investimento estimado em R$ 830,5 milhões e será executado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O empreendimento é um dos projetos que o governo de São Paulo apresentou à presidente no fim do ano passado e prevê um canal entre as Represas Atibainha, que abastece São Paulo, e Jaguari, no Rio. A expectativa, segundo o Ministério do Planejamento, é de aumentar a disponibilidade hídrica no Cantareira em 5,1 m³ por segundo. A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi incumbida de falar à imprensa e advertir que a situação de abastecimento de água no Sudeste é “sensível e preocupante”, em particular em São Paulo.
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