INTEGRAÇÃO PAN-AMERICANA –

O Mercosul atravessa um processo de ambiguidades. Se por um lado está em vias  de perder um dos seus integrantes, a Venezuela, por inadimplemento  de condições para permanecer no bloco, por outra banda uma tragédia fez fortalecer os laços de amizade entre dois  países sul-americanos, a Colômbia e o Brasil, quando do desastre aeroviário que vitimou a equipe de futebol da Chapecoense e várias outras pessoas do continente. 

O  status da importância do chamado direito comunitário ganhou corpo nas últimas décadas, seduzindo os mais diversos países e encantando nações, notadamente as mais pobres, que enxergavam a chance de igualamento com as mais ricas. A União Europeia  é um retrato desse redesenho dos Estados e das suas relações com os congêneres que têm interesses comuns. Entretanto, algumas fraturas põe em risco esse projeto, a exemplo do Brexit (saída do Reino Unido da Comunidade Europeia, consagrado em plebiscito) e a relutância de auxílio financeiro a países em dificuldades econômicas, a exemplo da Grécia. 

A propósito de reflexões acerca desses conglomerados entre países, recordei a primeira noção que tive sobre a importância do irmanamento de nações. E não foi em bancas universitárias ou outro ambiente acadêmico mais evoluído. Ocorreu em aulas de uma escola púbica, o Vidal de Negreiros, em Cuité, onde eu cursava o primário e agregou-se ao corpo de professores uma mestra que havia concluído o curso pedagógico no colégio das Doroteias de Bananeiras-PB, Dona Milagres Furtado, que trazia inovações para o ensino da nossa pequena cidade serrana. Uma dessas novidades foi comemorar o dia do pan-americano, 14 de abril. O maior desafio foi botar a criançada para cantar um hino até então totalmente desconhecido e em bom espanhol. Pusemo-nos a ensaiar e  ao cabo de um mês estávamos a plenos pulmões troando a unidade intercontinental: “Un canto de amistad/ de buena vencinidad/ unidos nos tendra eternamente/ por nuestra libertad/ por nuestra lealdad/ debemos vivir gloriosamente…”. 

Berrando um hino em língua estrangeira e compreendendo quase nada do real significado do evento, fui iniciado no Direito Internacional aos nove anos de idade, mal concluída a fase da primeira eucaristia. 

IVAN LIRA DE CARVALHO – Juiz Federal e Professor – [email protected]

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