INTROSPECTANDO… –
Aperta o peito, parece que é o fim, o que mais poderá acontecer? Seria algo do tipo como reza a Lei de Murphy* “Se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errado, certamente dará” ou seria o próprio inferno de Dante, em que “Os lugares mais sombrios do Inferno são reservados àqueles que se mantiveram neutros em tempos de crise moral”? Brasil, mostra a sua cara.
Mas o dia continua a amanhecer, seria o surgimento de uma nova era? De fato, temos que nos erguer dos escombros, a batalha parece se findar, ou pelo menos começa a dar trégua, o clarão de um novo tempo desponta com o nascer do sol, faltam poucos dias, a contagem é regressiva.
No corpo, na alma e na história estão as marcas das feridas profundas, algumas ainda abertas e outras tentando cicatrização, ainda levará algum tempo para que a casca do machucado seque e caia. Na verdade, os elos já são eternos com este passado tão presente, não há como negar que a cada ferida/cicatriz é uma história vivida.
Impossível ver as marcas e não lembrar de tudo que se viveu, dos experimentos amargos e ardidos, recheados de injustiça, indiferença, egoísmo, individualismo, oportunismo, discordâncias, agressões e perigos eminentes.
Os tempos estão meio loucos, os valores estão distorcidos e sair às ruas em meio aos ânimos acirrados é quase um ato suicida, tudo pode acontecer, os jornais estão aí anunciando as tragédias diante da monstruosa intolerância insana.
Ora, nem dá para descrever todas as atrocidades que estamos vivenciando, passaria folhas e folhas revelando o lado sombrio do ser humano e suas capacidades, estas tão bem reveladas e tatuadas nos corpos e almas de suas presas, que é a parte mais frágil de nossa sociedade.
Chegamos ao ponto de não bastar apenas sermos pessoas que vivem seus cotidianos, que lutam pelos seus espaços e buscam serem reconhecidos como tal, passamos a viver a flor da pele, sentindo na carne crua o que tudo isso causa ao nosso íntimo, desestabilizando nossas vidas, impostos pelo sentimento de regressão dos nossos direitos, o que nos leva a uma viagem introspectiva sobre quantos destroços precisamos desentulhar para selecionar o que se recicla e o que se joga no lixo, no lixo da vida. É preciso aparar as arestas e tocar o barco para frente.
Ao final de tudo só me resta o amor, olhar para a minha nação com patriotismo e amor, desejando que dias melhores possam chegar, urgentemente, e assim vou seguindo, sem discussões tolas, posicionando-me como alguém que almeja igualdade de direitos e acima de tudo respeito. Não me omitirei, jamais.
Por isso tento cultivar meu amor por mim mesma, intensificar o amor a minha prole, aos meus e aqueles que incondicionalmente nos estimam e nos são caros. Penso que a mudança virá pelo amor ao nosso Brasil. Que possamos voltar a sentir orgulho de nossa bandeira.
NOTA: * A Lei de Murphy é baseada em premissas que explicam os fatos cotidianos do ponto de vista pessimista, ou seja, a espera de resultados negativos a partir de diversos eventos. Ela foi criada pelo engenheiro americano Edward A. Murphy, no ano de 1949.
Flávia Arruda – Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência, [email protected]