Cebola teve alta expressiva no mês, de 16,64%. — Foto: Arina Krasnikova / Pexels

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — considerado a prévia da inflação oficial do país — registrou uma alta de 0,36% nos preços em março, informou nesta terça-feira (26) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A maior influência vem do grupo de Alimentação e bebidas, com alta de 0,91% no mês e impacto de 0,19 ponto percentual no índice geral.

Ainda assim, o índice teve desaceleração de 0,42 p.p. na comparação com o mês anterior, quando teve alta de 0,78% para fevereiro. Em março de 2023, o IPCA-15 foi de 0,69%.

Com os resultados, o IPCA-15 acumulou 4,14% na janela de 12 meses.

Os números vieram acima das expectativas do mercado financeiro. As expectativas eram de alta de 0,31% em março, chegando a 4,10% em 12 meses.

Apenas cinco dos nove grupos pesquisados pelo IBGE tiveram alta de preços em março. Além dos alimentos, o grupo Transportes também teve alta relevante, de 0,43% no mês e 0,09 p.p. de participação no índice geral.

Veja abaixo a variação dos grupos em março

  • Alimentação e bebidas: 0,91%;
  • Habitação: 0,19%;
  • Artigos de residência: -0,58%;
  • Vestuário: -0,22%;
  • Transportes: 0,43%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,61%;
  • Despesas pessoais: -0,07%;
  • Educação: 0,14%;
  • Comunicação: -0,04%.

Alimentos seguem em alta

O grupo Alimentação e bebidas segue incomodando, com a maior alta entre os grupos neste mês. Em meados de março, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou a comandar uma reunião com ministros para discutir formas de reduzir os preços dos alimentos.

A alta do preço dos alimentos foi identificada pelo governo como um dos motivos para a queda na popularidade do presidente. Pesquisa Quaest mostrou que 51% dos entrevistados aprovam o trabalho de Lula, índice 3 pontos percentuais menor que em dezembro.

A pressão vem dos preços do subgrupo Alimentação no domicílio, que reúne basicamente os alimentos in natura. Houve alta de 1,04% em março — depois de 1,16% em fevereiro.

Subiram bastante os preços da cebola (16,64%), do ovo de galinha (6,24%), das frutas (5,81%) e do leite longa vida (3,66%). A batata-inglesa (-9,87%), a cenoura (-6,10%) e o óleo de soja (-3,19%) tiveram queda.

A alimentação fora do domicílio continua em alta mais moderada, de 0,59% no mês contra 0,48% de fevereiro. A refeição teve alta mais intensa, de 0,76% em março, enquanto o lanche subiu 0,19%.

No grupo Transportes, os combustíveis voltaram a subir com algum ímpeto: 2,41% no mês. A gasolina foi o destaque, com alta de 2,39% no mês e maior peso individual no IPCA-15, em 0,12 p.p.

O etanol também subiu 4,27%, enquanto o gás veicular (-2,07%) e o óleo diesel (-0,15%) tiveram quedas. Já as passagens aéreas tiveram nova deflação em março, redução de 9,08% que trouxe o maior impacto negativo no mês (-0,07p.p.).

Acima das expectativas

O número geral e o acumulado em 12 meses do IPCA-15 vieram acima do que esperavam os analistas de mercado.

Rafael Costa, analista e integrante do time de estratégia macro da BGC Liquidez, diz que a casa ficou desapontada com o recuo da inflação de alimentação e que gostariam de ter observado uma diminuição da inflação mais expressiva nesse conjunto de preços.

“Além disso, tivemos surpresas altistas difundidas em quase todos os principais grupos do IPCA. Nesse primeiro olhar do número como um todo, não achamos que foi um resultado tão favorável”, afirma o analista.

Além dos alimentos, a BGC Liquidez esperava deflação na casa de 20% em passagens aéreas. Mas destaca que os preços industriais registraram deflação, e que as inflações de serviços subjacentes e da média dos núcleos não vieram muito acima das projeções.

A economista para Brasil do BNP Paribas, Laiz Carvalho, estava em um grupo menos otimista com os resultados desta terça-feira, mas destaca também que a Alimentação no domicílio trouxe surpresa negativa.

“É um ponto de alerta: a desinflação esperada de alimentos veio menor do que estávamos esperando”, diz a economista.

 

Sobre serviços subjacentes — indicador que todo o mercado está de olho por conta de seu peso para a decisão do Banco Central de manter ou não o ciclo de corte de juros no país —, a economista destaca que o número veio pouco mais alto que as expectativas (de 0,36% para 0,40%), mas mostra desaceleração em relação a meses anteriores.

“Lentamente, mas está desacelerando. Isso corrobora nossa tese de que os serviços subjacentes devem voltar a um comportamento sazonal já no IPCA fechado de março e no IPCA-15 de abril”, afirma Laiz.

Fonte: G1

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