Grupo Educação teve alta de 5,07% e impacto de 0,30 ponto percentual no índice geral. — Foto: Divulgação/Cursinho Solidário
Grupo Educação teve alta de 5,07% e impacto de 0,30 ponto percentual no índice geral. — Foto: Divulgação/Cursinho Solidário

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — considerado a prévia da inflação oficial do país — registrou uma alta de 0,78% nos preços em fevereiro, informou nesta terça-feira (27) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O mês de fevereiro costuma ser muito influenciado por uma alta sazonal no grupo Educação, por conta dos reajustes escolares. O segmento teve alta de 5,07% no mês e impacto de 0,30 ponto percentual (p.p.) no índice geral. (saiba mais abaixo)

Assim, o índice teve uma forte aceleração de 0,47 p.p. na comparação com o mês anterior, quando teve alta de 0,31% para janeiro. Em fevereiro de 2023, o IPCA-15 foi de 0,76%.

Com os resultados, o IPCA-15 acumulou 4,49% na janela de 12 meses.

Os números vieram abaixo das expectativas do mercado financeiro. As expectativas eram de alta de 0,82% em fevereiro, chegando a 4,53% em 12 meses.

Apenas o grupo Vestuário registrou deflação em fevereiro, com queda de 0,39% nos preços, vindos de alta de 0,22% em janeiro. Todos os demais oito grupos subiram nesta medição.

Veja abaixo a variação dos grupos em fevereiro

  • Alimentação e bebidas: 0,97%;
  • Habitação: 0,14%;
  • Artigos de residência: 0,45%;
  • Vestuário: -0,39%;
  • Transportes: 0,15%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,76%;
  • Despesas pessoais: 0,46%;
  • Educação: 5,07%;
  • Comunicação: 1,67%.

Educação puxa a alta

Os resultados de fevereiro são, em geral, mais altos por conta dos reajustes escolares que acontecem de uma só vez. Em Educação (5,07%), a maior contribuição vem dos cursos regulares (6,13%).

Todos os subitens de escolas particulares tiveram altas importantes, caso do ensino médio (8,58%), do ensino fundamental (8,23%), da pré-escola (8,14%) e da creche (5,91%). Além disso, o curso técnico (6,01%), o Ensino superior (3,74%) e a pós-graduação (2,81%) também subiram.

O grupo de Alimentação e bebidas teve uma leve desaceleração, mas ainda tem contribuição relevantes no resultado do IPCA-15. A alta no mês foi de 0,97% contra 1,53% no mês passado. O peso no índice, porém, ainda foi de 0,20 p.p. para cima.

A alimentação no domicílio ainda sofre pressão da oferta mais escassa e efeitos do El Niño. A alta foi de 1,16% em fevereiro, com destaques para a cenoura (36,21%), a batata-inglesa (22,58%), o feijão-carioca (7,21%), o arroz (5,85%) e as frutas (2,24%).

A alimentação fora do domicílio teve aceleração, de 0,48% no mês contra 0,24% em janeiro. A refeição (0,35%) e o lanche (0,79%) subiram mais que no mês anterior (0,32% e 0,16%).

Abaixo das expectativas

O mercado financeiro esperava uma alta ainda mais intensa do que foi constatado pelo IBGE em fevereiro. Apesar do número cheio um pouco menor, as aberturas não aliviaram as preocupações dos analistas.

“Apesar da surpresa positiva com o dado, a sua abertura seguiu refletindo um qualitativo relativamente ruim, com medidas subjacentes e núcleos relevantes para o BC rodando em patamares elevados”, diz João Savignon, chefe de pesquisa macroeoconômica da Kínitro.

Apesar disso, o analista pondera que parte dos fatores têm questões sazonais, em que se prevê um arrefecimento para os próximos meses, concentrados em Alimentação e Bens Industriais.

“O BC pode seguir com cortes de -50bps por reunião, desacelerando somente na segunda metade do ano, na passagem entre o 3º e o 4º trimestres. Nosso cenário base é de uma Selic terminal de 8,5%”, afirma.

Já Rafael Costa, analista da BGC Liquidez, destaca uma surpresa de desaceleração da inflação dos preços da alimentação no domicílio, que “foi bem-vinda e foi uma boa notícia”.

“Apesar disso, a inflação de serviços subjacentes continua registrando leituras e detalhes que dificultam o atingimento do centro da meta de inflação. A forte inflação do item serviço bancário, e seu lento recuo, continua sendo um ‘vilão’ dentro do conjunto de preços dos serviços subjacentes”, afirma.

 

Laiz Carvalho, economista para Brasil do BNP Paribas, destaca que a média de cinco núcleos de inflação veio acima da expectativa do mercado. E também espera pressão nos serviços subjacentes ao menos até abril.

“Isso corrobora com discursos recentes de membros do BC, que estão preocupados com as medidas de núcleos e com mercado de trabalho aquecido. Isso mostra que vão manter a cautela, mas seguir com os cortes em 0,50 p.p.”, diz.

Fonte: G1

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