Puxado pela alta da gasolina, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, acelerou para 1,25% em outubro, após ter registrado taxa de 1,16% em setembro, mostram os dados divulgados nesta quarta-feira (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Foi a maior variação para um mês de outubro desde 2002 (1,31%)”, destacou o IBGE.

Com o resultado, a inflação acumula alta de 8,24% no ano e de 10,67% nos últimos 12 meses, acima do registrado nos 12 meses imediatamente anteriores (10,25%). Trata-se do maior índice para um intervalo de 1 ano desde janeiro de 2016 (10,71%).

resultado veio acima do esperado. Pesquisa da Reuters apontou que a expectativa de analistas era de uma taxa de 1,05% em outubro, acumulando em 12 meses alta de 10,45%.

Gasolina sobe pelo 6º mês seguido

Todos os 9 grupos de produtos e serviços pesquisados subiram em outubro, com destaque para os transportes (2,62%), principalmente, por conta dos combustíveis (3,21%).

“A alta da gasolina está relacionada aos reajustes sucessivos que têm sido aplicados no preço do combustível, nas refinarias, pela Petrobras”, afirmou o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.

Além gasolina, houve aumento também nos preços do óleo diesel (5,77%), do etanol (3,54%) e do gás veicular (0,84%).

A energia elétrica (1,16%) voltou a subir, embora a variação tenha sido menor que a de setembro (6,47%). Em 12 meses, a alta acumulada é de 30,27%. Já o gás de botijão (3,67%) teve a 17ª alta consecutiva, acumulando elevação de 37,86% em 12 meses.

Veja o resultado para cada um dos grupos pesquisados:

  • Alimentação e bebidas: 1,17%
  • Habitação: 1,04%
  • Artigos de residência: 1,27%
  • Vestuário: 1,80%
  • Transportes: 2,62%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,39%
  • Despesas pessoais: 0,75%
  • Educação: 0,06%
  • Comunicação: 0,54%

 

A inflação sobre os serviços pesquisados pelo IBGE acelerou de 0,64% em setembro para 1,04% em outubro.

Preços de passagem aérea e transporte por aplicativo disparam

Ainda nos transportes, os preços das passagens aéreas saltaram 33,86% em outubro, frente a setembro. Em 12 meses, a alta chegou a 50,11%

“A depreciação cambial e a alta dos preços dos combustíveis, em particular do querosene de aviação, têm contribuído com o aumento das passagens aéreas. A melhora do cenário da pandemia, com o avanço da vacinação, levou a um aumento no fluxo de circulação de pessoas e no tráfego de passageiros nos aeroportos. Como a oferta ainda não se ajustou à demanda, isso também pode estar contribuindo com a alta dos preços”, explica Kislanov.

Outro destaque foi o transporte por aplicativo (19,85%), cujos preços já haviam subido 9,18% em setembro.

Os preços dos automóveis novos (1,77%) e usados (1,13%) também seguem em alta e acumulam, em 12 meses, taxas de 12,77% e 14,71%, respectivamente.

Tomate sobe 26%

Entre os alimentos, os destaques de alta foram o tomate (26,01%) e a batata-inglesa (16,01%), o café moído (4,57%), o frango em pedaços (4,34%), o queijo (3,06%) e o frango inteiro (2,80%). No lado das quedas, houve recuo nos preços do leite longa vida (-1,71%) e do arroz (-1,42%).

Inflação afeta 67% dos itens pesquisados

A inflação foi mais disseminada em outubro do que em setembro. O índice de difusão passou de 65% para 67%. O indicador reflete o espalhamento da alta de preços entre os 377 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE.

Todas as áreas pesquisadas tiveram alta na inflação em outubro. Os maiores índices foram os da região metropolitana de Vitória e do município de Goiânia, ambos com 1,53%. Em São Paulo, a taxa foi de 1,34%.

Inflação acima da meta e projeções

O resultado mantém pressão sobre o Banco Central para novas altas na taxa básica de juros (Selic).

Na última pesquisa Focus do Banco Central, os analistas do mercado financeiro aumentaram de 9,17% para 9,33% a expectativa para a inflação de 2021.

O centro da meta de inflação em 2021 é de 3,75%. Pelo sistema vigente no país, será considerada cumprida se ficar entre 2,25% e 5,25%. Com isso, a projeção do mercado já está acima do dobro da meta central de inflação (7,5%).

Para 2022, o mercado financeiro subiu de 4,55% para 4,63% a estimativa para o IPCA. No ano que vem, a meta central de inflação é de 3,50% e será oficialmente cumprida se o índice oscilar de 2% a 5%.

A piora nas projeções para os indicadores econômicos acontece em meio às manobras e propostas para driblar o teto de gastos, para abrir espaço no orçamento para bancar o Auxílio Brasil de R$ 400 no ano eleitoral de 2022.

O mercado projeta atualmente uma Selic em 9,25% ao ano no fim de 2021. Entretanto, para o fim de 2022, os economistas subiram a expectativa para a taxa Selic para 11% ao ano, o que pressupõe novas altas no juro básico da economia.

INPC sobe 1,16% em outubro

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), referência para reajustes de salários e benefícios previdenciários, subiu 1,16% em outubro, contra 1,20% em setembro. Foi o maior resultado para um mês de outubro desde 2002, quando o índice foi de 1,57%.

No ano, o indicador acumula alta de 8,45% e, em 12 meses, de 11,08%, acima dos 10,78% observados nos 12 meses imediatamente anteriores e superior ao IPCA.

Fonte: G1RN

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