Neste mês, o maior impacto veio dos preços de passagens aéreas, que acumularam alta de 23,7% contra o setembro. Ainda assim, o índice geral teve leve desaceleração em relação ao mês anterior, quando havia fechado com alta de 0,26%. Em outubro de 2022, o IPCA fechou em alta de 0,59%.
Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 4,82% na janela de 12 meses. No ano, acumula alta de 3,75%.
O resultado veio abaixo das expectativas do mercado financeiro, que esperava alta de 0,29% no mês. Em 12 meses, o indicador permanece fora do intervalo das metas de inflação perseguidas pelo Banco Central. A meta é de 3,25%, com tolerância entre 1,75% e 4,75%.
Dos nove grupos que compõem o IPCA, oito tiveram alta no mês. O principal destaque negativo é a alta nos preços de Alimentação e bebidas, revertendo quatro quedas seguidas do grupo. A Alimentação no domicílio, que mede os preços de produtos básicos e in natura, voltou a ter alta no mês passado, de 0,27%.
Por outro lado, houve alívio no grupo Transportes. Houve a alta puxada pelas passagens aéreas, mas os combustíveis tiveram queda no mês, de 1,39%.
Veja o resultado dos grupos do IPCA:
- Alimentação e bebidas: 0,31%;
- Habitação: 0,02%;
- Artigos de residência: 0,46%;
- Vestuário: 0,45%;
- Transportes: 0,35%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,32%;
- Despesas pessoais: 0,27%;
- Educação: 0,05%;
- Comunicação: -0,19%.
Transporte em alívio
O grupo de Transportes desacelerou em relação ao mês de setembro, quando havia subido 1,40%. Boa parte do alívio tem relação com uma deflação do preço dos combustíveis no mês.
A gasolina ainda tem alta relevante, de 14,4% em 2023, e contribuição de 0,67 p.p. na inflação do ano. Mas o combustível teve também o maior peso para baixo no IPCA de outubro, retirando 0,08 ponto percentual do índice geral. Em comparação ao mês anterior, houve queda percentual de 1,53%.
Já no fim do mês de outubro, a Petrobras anunciou uma redução de R$ 0,12 no preço do litro da gasolina na venda para as distribuidoras. No mesmo dia, foi informado que o diesel teria aumento de R$ 0,25 por litro nas refinarias. Como resultado, o óleo diesel teve alta de 0,33% no IPCA do mês.
Ainda dentro do grupo de combustíveis, o etanol (-0,96%) e o gás veicular também registraram quedas (-1,23%).
As passagens aéreas, porém, tiveram o maior peso positivo do IPCA do mês, de 0,14 p.p. no índice geral, em sua segunda alta seguida. Segundo André Almeida, gerente da pesquisa, a alta pode estar relacionada ao aumento no preço de querosene de aviação e a proximidade das férias de fim de ano.
Alimentação e bebidas voltam a subir
Depois de uma sequência de quatro quedas, o grupo de Alimentação e bebidas voltou a subir no IPCA. Nesse período de deflações até setembro, o grupo como um todo havia tido uma queda acumulada de 2,65%. Agora, o recuo do grupo é de 0,70% neste ano.
Houve reversão neste mês do subgrupo Alimentação no domicílio, que teve alta de 0,27% em outubro, também após quatro quedas sucessivas e que haviam acumulado queda de 4,01% até setembro. O IBGE destaca altas da batata-inglesa (11,23%), cebola (8,46%), frutas (3,06%), arroz (2,99%) e das carnes (0,53%).
“O comportamento do preço dos alimentos — tanto as quedas, como as altas nesse período todo — vieram de questões de oferta. Safras boas reduzem os preços, quebras fazem subir. Também as exportações em bom ritmo reduzem a oferta interna de alimentos”, diz Almeida, do IBGE.
A alimentação fora do domicílio continua em alta (0,42%) e acelerou em relação ao mês anterior (0,12%). A refeição subiu 0,48% e o lanche, 0,19%.
Alívio no preço dos monitorados
Os preços de itens monitorados, itens cujos preços são definidos pelo setor público ou por contratos, continuam sendo os destaques do IPCA deste ano. Os cinco principais subitens são gasolina, emplacamento e licença, plano de saúde, energia elétrica residencial e taxa de água e esgoto.
Como a gasolina se reduziu neste mês, o grupo passou a acumular alta de 9,98% na janela de 12 meses. É uma desaceleração em relação a setembro, quando marcava alta de 10,21%.
Já a inflação de serviços, um dos principais núcleos olhados pelo Banco Central (BC) para a condução da taxa básica de juros, também desacelerou: de 5,54% para 5,45% na janela de 12 meses.
“Tivemos uma surpresa bastante significativa nos núcleos de inflação. A parte de bens industriais e serviços subjacentes trazem uma confirmação de uma desinflação significativa. É um excelente resultado”, diz Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital.
A economista para Brasil do BNP Paribas, Laiz Carvalho, também vê o resultado como positivo, mas ressalta que o balanço de riscos ainda demanda algum cuidado na discussão sobre o ritmo de quedas na taxa básica de juros.
“De uma maneira geral, a composição do IPCA foi bastante positiva. Como o número veio em linha com a nossa projeção, não altera a nossa expectativa até o final do ano. Por outro lado, ainda temos alguns riscos, cenário global de condições financeiras, o cenário fiscal local que acabam trazendo um viés mais parcimonioso”, diz.
INPC tem alta de 0,12% em outubro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — que é usado como referência para reajustes do salário mínimo, pois calcula a inflação para famílias com renda mais baixa — teve alta de 0,12% em outubro. Em setembro, houve alta de 0,11%.
Assim, o INPC acumula alta de 3,04% no ano e de 4,14% nos últimos 12 meses. Em outubro de 2022, a taxa foi de 0,47%.
Fonte: G1