Já em Transportes, cujo índice passou de queda de 1,98% em setembro para alta de 0,58% em outubro, Kislanov aponta dois fatores preponderantes.
“Além do aumento da passagem aérea, de 27,38%, também foi importante o recuo no preço dos combustíveis, de 1,27%, menos intenso do que no mês anterior, quando a queda foi de 8,50%”, ressalta.
Entre os itens, a gasolina (-1,56%), o óleo diesel (-2,19%) e o gás veicular (-1,21%) seguem trajetória de queda, mas o etanol registrou alta de 1,34%.
Também houve recuo nos preços dos transportes por aplicativo (-3,13%), que haviam subido 6,14% em setembro. O subitem ônibus urbano seguiu em queda, de 0,23%, refletindo a redução de preços das passagens aos domingos em Salvador (-2,99%), válida desde 11 de setembro.
Planos de saúde, luz, gás e roupas são outros destaques
Em Saúde e cuidados pessoais, as maiores contribuições vieram de higiene pessoal (2,28%) e planos de saúde (1,43%), com impactos de 0,09 p.p. e 0,05 p.p., respectivamente. Entre os itens de higiene pessoal, destacam-se perfumes (5,71%) e artigos de maquiagem (3,90%).
O IBGE ressalta que a alta dos planos de saúde é consequência dos reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para os planos contratados antes da Lei nº 9.656/98 (planos antigos), com vigência retroativa a partir de julho. Assim, em outubro, foram apropriadas as frações mensais dos planos antigos relativas aos meses de julho, agosto, setembro e outubro.
Já o grupo Habitação desacelerou em relação a setembro (0,60%) devido à queda do gás de botijão (-0,67%), cujos preços haviam subido 0,92% no mês anterior, e à desaceleração da energia elétrica (0,30%) frente a setembro (0,78%).
As variações da energia elétrica ficaram entre -9,88% em Curitiba e 13,03% em São Luís. Em São Paulo (-0,17%), houve reajuste de 2,07% em uma das concessionárias, a partir de 23 de outubro e, em Goiânia (-0,72%), houve reajuste de 5,35% nas tarifas a partir de 22 de outubro. Apesar dos reajustes, o resultado de ambas as áreas ficou negativo por conta de reduções de PIS/Cofins.
No grupo Vestuário, a influência em outubro foi da alta nos preços das roupas masculinas (1,70%) e das roupas femininas (1,19%).
“Esse aumento tem acontecido desde a retomada do isolamento”, lembra Kislanov, ressaltando que, nos últimos 12 meses, a variação acumulada do setor foi de 18,48%, a maior entre os nove grupos que compõem o IPCA.
Maior variação foi em Recife
Quanto aos índices regionais, todas as áreas tiveram variação positiva em outubro. A maior variação ocorreu em Recife (0,95%), por conta das altas da energia elétrica (9,66%) e das passagens aéreas (47,37%). Já o menor índice foi registrado em Curitiba (0,20%), por conta dos recuos nos preços da energia elétrica (-9,88%) e da gasolina (-2,40%).
Veja abaixo as variações em cada localidade no mês e os respectivos impactos no indicador em pontos percentuais.
- Recife: 0,95% / 3,92 p.p
- Brasília: 0,87% / 4,06 p.p
- Porto Alegre: 0,76% / 8,61 p.p
- São Luís: 0,71% / 1,62 p.p
- São Paulo: 0,66% / 32,28 p.p
- Fortaleza: 0,61% / 3,23 p.p
- Salvador: 0,61% / 5,99 p.p
- Vitória: 0,60% / 1,86 p.p
- Aracaju: 0,58% / 1,03 p.p
- Belo Horizonte: 0,54% / 9,69p.p
- Goiânia: 0,53% / 4,17 p.p
- Belém: 0,51% / 3,94 p.p
- Campo Grande: 0,47% / 1,57 p.p
- Rio Branco: 0,44% / 0,51 p.p
- Rio de Janeiro: 0,41% / 9,43 p.p
- Curitiba: 0,20% / 8,09 p.p
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,47% em outubro. No ano, o indicador acumula 4,81% e, nos últimos 12 meses, 6,46%. Em outubro do ano passado, a taxa foi de 1,16%.
Os produtos alimentícios passaram de queda de 0,51% em setembro para alta de 0,60% em outubro, acompanhados dos preços dos produtos não-alimentícios, que passaram de recuo de 0,26% em setembro para alta 0,43% em outubro.
Os economistas do mercado financeiro voltaram a elevar a estimativa de inflação para este ano, que passou de 5,61% para 5,63%.
É o segundo aumento consecutivo da estimativa do mercado. Antes, o indicador tinha visto uma sequência de 17 semanas de queda.
A informação consta do relatório Focus divulgado nesta segunda-feira (7) pelo Banco Central. Foram ouvidas mais de 100 instituições financeiras na semana passada.
Quanto maior é a inflação, menor é o poder de compra das pessoas, principalmente das que recebem salários menores. Isso porque os preços dos produtos aumentam sem que o salário necessariamente acompanhe esse crescimento.
A meta de inflação para este ano, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,5% e será considerada cumprida se oscilar entre 2% e 5%. O Banco Central vê chance grande de estouro da meta em 2022, assim como aconteceu no ano passado.
Em 2021, a inflação fechou em 10,06%, bem acima do teto da meta (5,25%), representando o maior aumento desde 2015.
Para atingir a meta, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumenta ou diminui a taxa básica de juros, a Selic. Atualmente, a Selic está em 13,75% ao ano, o maior percentual dos últimos seis anos.
Para o próximo ano, a meta central de inflação foi fixada em 3,25% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%. De acordo com o boletim Focus, a previsão para 2023 ficou estável em 4,94%.