JANELA ABERTA NO SEGUNDO TURNO DO RN –
Permita o leitor usar o espaço concedido pela Tribuna do Norte para fazer ponderações, em torno do futuro do Rio Grande do Norte.
Domingo, o eleitor fará a opção, da qual dependerá a abertura de caminhos, que possam retirar o estado do caos em que se encontra, com o maior déficit público de todo o nordeste (R$ 1.3 bi).
A experiência confirma, que o eleito não poderá governar sozinho, sem ter diálogo com o governo federal e assim alcançar a governabilidade. O que aconteceria, por exemplo, Carlos Eduardo com Haddad presidente? Ou, Fátima com Bolsonaro?
Não há dúvida que assistiríamos uma “queda braço”.
Como diz o velho ditado popular, “na briga entre o mar e o rochedo, quem perde é o marisco” e no caso seria o RN.
A propósito, a candidata Fátima Bezerra (PT) desmentiu na FIERN e na Inter TV Cabugi, a hipótese de que o RN se tornaria ingovernável, caso ela ganhasse a eleição e o presidente fosse Bolsonaro.
Citou os governadores do PT no nordeste que foram reeleitos no primeiro turno, sendo oposição a Temer. Assegurou que chegaria a Brasília com a força política de dois Senadores e dois deputados federais do PT eleitos.
Todavia, a realidade é totalmente diferente, do que afirmou Fátima.
Senão vejamos.
Os governadores reeleitos do PT no nordeste não sofreram restrições políticas do governo federal.
A saída de Dilma ocorreu na metade dos mandatos e todos eles foram reeleitos, com a “ajuda de Temer”, com quem preservaram alianças políticas, sem o que teriam fracassado na administração.
Os estados não sobrevivem apenas com as transferências constitucionais obrigatórias. O PT aliou-se aos correligionários de Temer na Paraíba (o deputado Aguinaldo Ribeiro, líder do governo Temer e até ao líder do DEM, deputado Efraim Filho); Alagoas (governador Renan Filho do MDB); Piauí (governador petista Wellingon Dias, além do MDB foi apoiado por quatro legendas ligadas a Temer – PP, PTB, PR e PSD. Na Bahia, o petista Rui Costa teve o apoio de seis partidos ligados a Temer.
Em Sergipe, PT e MDB aliados. No Ceará foi emblemático: o PT “rifou” a candidatura de José Pimentel (PT) para apoiar Eunício Oliveira do MDB. Em Pernambuco, a mesma coisa com o “sacrifício” de Marília Arraes (PT) para firmar aliança com o MDB e outros aliados de Temer.
O quadro político atual é totalmente diferente. A hipótese de Bolsonaro presidente e Fátima governadora significaria clima de confronto permanente entre o governo estadual e o federal.
A candidata Fátima Bezerra não esconde ataques pessoais ao candidato Bolsonaro e sempre se coloca como defensora radical do ex-presidente Lula.
Em tal situação, o RN estaria ingovernável e condenado a viver à míngua. Fátima jamais aceitaria um governo anti-PT e transformaria o Palácio Potengi em palanque de oposição permanente ao Planalto, com o apoio solidário da amiga Gleisi Hoffman e correligionários petistas.
Todos os senadores e deputados federais citados por Fátima como “trunfos” seriam adversários ortodoxos do governo federal e aprofundariam o “fosso” de dissidência política.
Na tentativa de imobilizar politicamente o adversário, Fátima e o PT desqualificam o apoio dado por Carlos Eduardo a Jair Bolsonaro.
Deixam de considerar, entretanto, que o segundo turno eleitoral exige espírito público do candidato a governador, pelas responsabilidades assumidas com a população de um Estado, onde até os salários do funcionalismo estão atrasados há meses.
É o caso de perguntar: como Carlos Eduardo poderia subir no palanque do PT, tumultuado e cheio de discriminações?
O PT não absorve contrários e somente abre exceção, quando prevalece o “conchavo por baixo do pano”, cujo exemplo deplorável ocorreu na última sexta feira em Natal, com as adesões à Fátima, de conhecidos personagens políticos estaduais, envolvidos em “seis operações policiais” e ações criminais, em tramitação na justiça.
Independente de quem goste ou não de Bolsonaro, a verdade é que o candidato Carlos Eduardo ao apoiá-lo abriu uma “janela” de diálogo com o governo federal, por ter consciência de que isolado não faria milagre.
Ele fez a parte que lhe competia, como aconselha o sábio Gurdjieff:
“Hoje é o que é porque ontem foi o que foi. E se hoje é como ontem, o amanhã será como hoje. Se quiserem que o amanhã seja diferente, deverão tornar o dia de hoje diferente. Faça o que puder, não se queixe dos outros”.
Será um risco gravíssimo para o Rio Grande do Norte “fechar” a “janela” aberta por Carlos Eduardo, ao apoiar Jair Bolsonaro.
O RN não merece isso.
A sorte está lançada!