Adauto José de Carvalho Filho
Parafraseando Nietzsche, pensador e filósofo alemão, um dos mais importantes da modernidade, “o homem de tanto olhar para trás terminará virando caranguejo”. É o que se constata com a trajetória do Partido dos Trabalhadores (PT). Como a maioria dos jovens de minha geração, após a saída dos traumáticos governos militares e o ressurgimento da democracia, cantada em prosa e verso, foi o partido que expressava o desejo da sociedade naquele momento. Hoje, depois de chegar ao poder e tudo o que isso representará para a história do país, os velhos traumas voltaram e a esperança que venceu o medo foi por ele trucidada da forma mais perversa: o aniquilamento das utopias e a mais gritante falsidade ideológica.
A assertiva preliminar não trás nenhum mérito ao sistema político brasileiro ou a algum partido político em particular, como o PSDB, mas, uma extensão natural da mediocridade que tomou o país de assalto. Muito se fala em Estado Democrático de Direito, aliás, um dos pilares constitucionais, mas o poder estabelecido, em todos os níveis e esferas, não aprendeu a conotação de tal pressuposto ou usa a fraqueza dos homens que os representam para montar o cenário da maior farsa já vivida pelo país. Embora poético, o deitado em berço esplêndido transformou-se em símbolo de inércia e de inertes.
Os estudos apontam para uma inércia secular. Em pouquíssimas oportunidades, casos atípicos, um dos três poderes foi impedido de fazer o que bem quis. O parlamento jamais deixou de aprovar as medidas de impactos apresentadas pelo executivo e o judiciário tem uma pífia história de condenações de autoridades públicas, embora, só na nova República, dezenas de escândalos dizimaram a ética social do país, desembocando nos escândalos do mensalão e do petróleo, sendo o último de uma gravidade que mantém o país paralisado pela abrangência de autoridades envolvidas. Seria até difícil dizer se nos três poderes tem algum membro que não esteja vinculado, com culpa ou não, por ação ou omissão, aos recentes escândalos.
Longe de mim a generalização ou intenção de ferir a honra de alguém, mas os últimos movimentos da complexa jogadas no tabuleiro de xadrez entre os poderosos não nos deixa margem para pensar diferente. Visivelmente, apesar do importante papel da imprensa, nota-se que não há interesse nacional, mas uma pérfida aliança entre os poderes, ao pesado custo da vergonha e do prejuízo da sociedade. Um sistema judiciário que aceita expressões tipo “se meu filho for preso eu derrubo a República”, dita de forma acintosa pelo chefe do clã da empresa Odebrecht ou “se eu cair não cairei sozinho”, ditas por diversos envolvidos nos escândalos, em especial, os aloprados Collor, Calheiros e Cunha.
O país perdeu a vergonha.
Alguns idiotas que, aproveitando a instabilidade política, que perdurará por algum tempo, ameaça, com uma luta armada, caso aconteça a queda do atual governo. E nessa estúpida posição estão Stédile e o Cutizinho, que proferiu a ameaça ao lado da atual Presidente e Luis Inácio Lula da Silva, que retroalimenta todo o processo de instabilidade, que compra e vende passes para tentar escapar de uma possível, mas improvável punição. Improvável para o judiciário. O povo já julgou, mas povo no nosso Estado democrático de Direito é nada e, nada por nada, mesmo com clara e expressa incitação à violência e cuspir na soberania nacional, até agora, nenhuma autoridade tomou as medidas que lhe seriam de competência. Até os militares, hoje comandados pelo presidente do partido comunista, Agnelo de tal, um polivalente, com cara de alma penada, se limitaram a comedidas respostas e ao silêncio da fraqueza. Como se não bastasse, Maduro e Morales, dois presidentes insignificantes, incapazes de governarem o próprio país, que foram a falência, ameaçaram uma invasão do Brasil caso as ameaças das ruas de tornem realidade. Parabéns para os dois. Um país que não se dá ao respeito merece o desrespeito e passar como uma nação de autoridades ridículas e patéticas.
Não há crise isolada. Toda crise é contextual. A crise econômica já paralisou o país em 2015, com forte possibilidade de continuidade em 2016 e salve-se quem puder se apodera da nação. Um Ministro fraco, sem representação, fica dizendo a tolice de que o brasileiro estaria disposto a colaborar com o aumento de impostos, quando ele deveria ser sério e proativo e só propor medidas de aumento de carga tributária depois que fossem tomadas medidas de contenção de gastos. O Ministro teria a surpresa de que não seria necessário colocar, mais uma vez, o macaquinho do aumento de tributos na corcunda da sociedade. Os descalabros estão à vista. Não é preciso ser Ministro para ver, apenas um pouco de competência e respeito próprio e para com o povo. Acho que as cadeiras ocupadas pelos poderosos no Brasil transmitem hemorróidas. É só sentar e começa a coceira para dizer bobagens. Se o ministro fosse minimamente ouvido saberia que há verdadeiros sumidouros da renda nacional e até aqui não se falou ainda da corrupção, que grassa o país em todos os quadrantes.
A Presidente, fraca, destemperada e despreparada, numa tentativa de salvar a própria pele, quando se espera a dignidade da renúncia, terceirizou o próprio governo e hoje não está nua por que não é rainha, mas uma guerrilheira que jamais terá a estatura de um presidente de uma nação como a brasileira. De comum acordo ou por burrice, ou falta de brasilidade, terceirizou o governo exatamente para os falsos líderes que levaram o país a gravidade da crise atual e fica posando de Magda, nas cerimônias oficiais. Mas, o nome do artigo é O JEITO PETISTA DE GOVERNAR e aí reside a grande decepção nacional. O partido que levou multidões a se imaginar lutando por uma sociedade mais justa e retributiva, demonstrou a mais michê propensão à criminalidade. Nunca se viu uma investigação feita por uma força tarefa, comandada, magistralmente, pelo juiz Sérgio Moro, desmembrar quadrilhas e mais quadrilhas instaladas no centro do poder. O PT que clamava por mudanças, mudou, para pior. Para os lados da criminalidade e a luta insana para que os fatos não sejam apurados. Mas são tão graves e tão tolamente cometidos que mesmo em um sistema aparelhado como o nosso não estão sabendo como agir. O tal filho do homem que derrubaria a República foi preso e continua preso e o boçal nada fez, pois, mais que ninguém, sabe que seria um tiro no pé.
Luís Inácio Lula da Silva perdeu o senso de realidade e fica pastando para meia dúzia de militantes e autoridades sua inocência e perseguição, quando deveria provar sua honestidade e, até agora, nada. Não há explicação. Ele e sua família estão mais encalacrados do que os irmãos metralhas, respeitada a ingenuidade dos últimos. Um homem com a trajetória de Lula deve a nação o mínimo de respeito e não ironias como faz todo o dia tentando explicar o inexplicável ou fazer nefastos acordos com outros envolvidos para que mãos sejam lavadas. Lula deve e urgentemente uma prestação de contas com a nação, com o exército de Stédile e do Cutizinha ou à justiça que, até aqui, funcionou até a instância do Juiz Moro. Acreditar que as condenações continuarão nos tribunais superiores é preciso muita brasilidade ou ingenuidade. Os “manos” de cima contam com a ingenuidade. Caberá a sociedade a prevalência da brasilidade. O jogo é duro. De repente, numa homenagem a Alemanha, os julgamentos, cheios de palavras bonitas, chegarão ao escore de 10 a 1, para que a vergonha não seja completa.
No meio do tirinete a ausência de uma oposição é a tristeza maior. Não há oposição. Nunca Houve oposição. Nem hoje nem no tempo em que o partido dos trabalhadores, com a pecha de uma falsa estrela brilhante ainda conseguia iludir a sociedade. O PT caiu sozinho. Se dependesse da oposição de alguma autoridade o país em breve seria anexado a Bolívia, Venezuela ou Cuba, desde que permanecessem os esquemas. Se dependesse de um Aécio Neves e suas frases, que acha de alguma utilidade ou efeito, o Brasil não seria mais o país do futuro, nem do passado, apenas seria um país sem importância nenhuma pela total falta de homens públicos.
O caro leitor poderia lembrar José Dirceu. É verdade. O homem está preso e vai continuar. Foi abandonado pelos amigos de Araguaia e, de tão covarde, prefere ficar calado para não revelar algo de o mundo já sabe. É isso aí José, o seu projeto bolivarianista vai diminuindo a cada descarga nos sanitários que utiliza em uma das penitenciárias que é hóspede e sua biografia que tanto o orgulhava eternizará o mal que fez e faria ao país se permanecesse em liberdade. E os outros? Eu não acredito na justiça, mas acredito no juiz Moro e espero que a sociedade brasileira, como seus líderes, não tenham perdida a vergonha, se algum dia a teve.
É uma realidade triste, mas tristezas não pagam dívidas. E a nossa já é impagável imagine daqui a alguns anos com essa ou outra corja de criminosos dilapidando a rês pública e a fazendo de vaquinha de presépio e nós nos enganando que é uma festa de vaquejada. Se um país se faz com homens e livros, como alardeavam os ufanistas, no momento os homens estão em falta e as livrarias fecharam. Mas, em algum lugar, o Trio Elétrico está na rua e o povo correndo atrás, afinal, não morreu ainda.
Adauto José de Carvalho Filho, AFRFB aposentado, Pedagogo, Contador, Bacharel em Direito, escritor e Poeta.
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