O Ministério Público de Goiás (MP-GO) apresentou, na manhã desta terça-feira (29), em Goiânia, uma nova denúncia contra João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus. Esta é a décima denúncia por crimes sexual apresentada contra ele, que está preso, mas nega ter cometido os abusos.
Os crimes que motivaram a nova denúncia ocorreram entre 2015 e 2016, e envolve, ao todo, 15 casos. No entanto, apenas cinco poderão ir a julgamento, já que os outros 10 prescreveram.
O Portal G1 entrou em contato com defesa de João de Deus, que informou, por mensagem, que ainda não tem conhecimento da nova denúncia.
De acordo com o promotor Luciano Miranda, devido ao estado saúde físico e mental das vítimas, o MP entendeu que o crime se trata de estupro de vulnerável.
“Eram vítimas que estavam frágeis, acometidas de doenças, como câncer, por exemplo”, comentou Miranda.
Ainda de acordo com o promotor, a prescrição dos 10 casos em questão se deu em razão da idade de João de Deus, que tem 78 anos.
“A partir dos 70 anos de idade, o prazo prescricional cai pela metade. Esse crime prescreveria em 20 anos, no caso dele prescreve em 10. Ou seja, só entram os casos de 2010 pra cá”, explicou.
Ainda assim, todas as mulheres mencionadas nessa denúncia deverão ser ouvidas pelo Judiciário, como testemunhas ou informantes.
“Elas serão ouvidas judicialmente para ajudar no entendimento dos casos”, afirmou o promotor.
O Ministério Público calcula que o número de vítimas supera 330. Dessas, 133 já possuem depoimentos no Judiciário. Outras 80 constam como testemunhas ou informantes. As demais ainda terão os casos analisados pelo MP para que seja avaliada a possibilidade de oferecer novas denúncias por crimes sexuais.
Segundo a promotora Ariane Patrícia Gonçalves, não houve conjunção carnal nesses casos, mas vários tipos de atos libidinosos.
“Os atos libidinosos são de masturbação, toque nos órgãos genitais. Ele também obrigava a vítima a fazer sexo oral”, mencionou.
De acordo com a denúncia, João de Deus praticou os abusos sexuais em salas de atendimento fechadas. Ele dizia que “não era sexo”, mas sim algo que fazia parte de um tratamento espiritual.
As vítimas da nova denúncia são do Rio de Janeiro, São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
João de Deus está preso desde 16 dezembro de 2018. Ele sempre negou que tivesse abusado sexualmente de mulheres e adolescentes que o procuravam na Casa Dom Inácio de Loyola para atendimentos espirituais.
Em março, João de Deus foi levado para um hospital de Goiânia. Ele ficou mais de dois meses internado com um aneurisma no abdômen. Por determinação da Justiça, voltou ao presídio em 6 de junho, onde está desde então.
A defesa dele vem tentando que ele seja transferido para a prisão domiciliar, mas teve o pedido negado diversas vezes. Ele já saiu por mais de uma vez do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia para fazer exames.
João de Deus, passou por exames clínicos e psiquiátricos no Tribunal de Justiça de Goiás, que revelam o atual estado de saúde dele – físico e mental. Nos laudos, os peritos da Justiça afirmam que João de Deus não sofre de nenhuma doença mental e que não possui câncer, contrariando o que o preso disse no início deste mês, ao deixar uma audiência, em Anápolis.
“Vocês estão vendo que eu estou morrendo. Eu tenho câncer”, disse João de Deus.
No dia da perícia médica, realizada em 26 de agosto, João de Deus pesava 84 quilos. Desde que foi preso, ele perdeu 37 quilos.
Durante a perícia, João de Deus, que está preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana, disse aos médicos que passou a sentir dores no quadril direito e no joelho direito desde que foi para a cadeia, e que, às vezes, aparece sangue em sua urina. Também relatou que desmaiou e caiu diversas vezes, e que está usando bengala. Ainda segundo ele, o apetite diminuiu consideravelmente.
De acordo com os médicos, a perda de peso é normal, já que ele apresentava sobrepeso antes da prisão. Eles afirmam, ainda, que João de Deus possui pensamento claro e coerente, com capacidade de raciocínio plenamente preservada.
O laudo médico da Justiça concluiu que João de Deus não tem nenhuma condição física ou mental que o impeça de continuar na cadeia, já que os tratamentos necessários podem ser realizados com ele na prisão.
“Portanto, é possível, do ponto de vista médico pericial, que o sr. João Teixeira de Faria cumpra a pena em regime fechado, desde que seja lhe permitido se ausentar para acompanhamento ambulatorial com médico assistente para verificação das medicações psicotrópicas em uso diante dos fatores já elencados, e para reavaliação quanto às alterações cardiovasculares inespecíficas evidenciadas durante o exame físico médico pericial”.
O Ministério Público de Goiás ofereceu 12 denúncias contra João de Deus, sendo dez por crimes sexuais:
Fonte: G1
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